quinta-feira, 26 de maio de 2011

Vinte e seis aos vinte e seis

Eita que o tempo corre!!! Enquanto a gente fecha e abre os olhos os dias nos escorrem pelas mãos e, com eles boas e más experiências, que nos fazem seres singulares em um mundo habitado por bilhões de pessoas!!!
Aprendi, ensinei, amei, desgostei, sorrir e despertei sorrisos; muitas vezes chorei e fiz brotar lágrimas (tanto de felicidade quanto de tristeza) nos olhos de outras pessoas, construir planos exequíveis para, segundos, depois desistir deles, sonhei coisas mirabolantes e consegui torná-las realidade... Encontrei gente que quero ter sempre do meu lado (mesmo que a distância, às vezes, esteja sempre presente; afinal, estar perto nem sempre significa estar junto...), me deparei com algumas criaturas que preferia nunca ter visto e, muito menos, ter dividido momentos importantes (mas, qual caminho não tem pedras?), também já atrai gente louca e sem-noção...
Ri sem motivo, chorei por besteira, já fiz promessas que não pude cumprir; disse muitas vezes "nunca mais" (e, pouco tempo depois, estava lá repetindo as mesmas coisas), da mesma forma que repeti "pra sempre" incontáveis vezes, mesmo sem saber que o "pra sempre, sempre acaba", pelo menos na maioria das vezes...
Este texto não terá um fim, ele será escrito dia após dia e terá a co-autoria de pessoas queridas que me acompanham nesta caminhada (muito obrigada por existirem!!!)...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Acontece...


"A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se aplica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em um ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer".
(Poemas Inconjuntos, Alberto Caeiro)



Aí, a gente cresce... Envelhece... Se sente muito diferente, madura e adulta, até que encontra um velho amigo na rua (que te conhece desde pequena, é válido ressaltar) que te olha bem no fundo dos olhos e diz: "você não mudou nada"!!!É, né? Fazer o quê?rs

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sobre Solón, o coração iluminado

Os próximos três tópicos, infelizmente, não foram escritos por mim... Eles foram escritos por um amigo muito querido, e antropólogo bastante competente - daqueles que a gente olha e fica com vontade de ser daquela forma quando crescer,rs - Por isso o "infelizmente" na primeira frase!
Espero que estes textos estimulem a curiosidade e sede de, cada vez mais, conhecimento para a leitura do livro que ele remete!
Boa leitura
!

Solón, o coração iluminado (Parte III)

Sólon é emblemático, um belo jovem, órfão como devem ser os heróis, misterioso, terno, integrado à natureza, que um certo dia, através da doença, recebe um “aviso” e para a sua salvação é “purificado” (só os limpos podem aproximar-se de Deus) por uma feiticeira. Descobre então que possui uma pedra no peito, um “coração iluminado”, a estabelecer a sua condição especial no mundo. E será a partir de um aspecto da situação existencial de Sólon que a autora irá explorar o filão da dualidade na vida social, ou seja, conforme Simmel, pensar numa solução fácil para o dilema da convivência entre opostos é imaginar o conflito como parte da vida social, quando o ponto fundamental é entender a ambivalência como una e congruente. E será a partir desse parâmetro que ela irá ampliar o espectro da discussão sobre gênero. Sólon, seguindo as características convencionalmente atribuídas ao masculino apaixona-se por Alícia, contudo, não tarda a também descobrir o seu amor por um homem, por Rossano. Sólon explicita a sua posição sobre a afetividade: “Nunca encontrei nos livros qualquer orientação sobre os beijos. Tampouco achei quem me ensinasse como escolher a quem beijar” (p.101). Enfim, a autora procura demonstrar que em cada ser humano existe sempre uma possibilidade de inclinar-se para um sexo ou outro, com mistura e alternada preponderância de homem e mulher. Esta é uma política emancipatória, plástica, flexível, aberta, em contraposição à guetificação ou fixismo identitário. Fiquei perguntando-me porque ela estabelece a concretude da relação entre os corpos de Sólon e Rossano, o que não se verifica entre Sólon e Alicia. Mas, poderia também haver ocorrido. Mas, caso fosse essa a opção cairíamos novamente nas convenções, onde a homossexualidade poderia realizar-se no campo privado, nos subterrâneos, enquanto a heterossexualidade permaneceria dominante no campo público?
Mário Rossano, é um contraponto à condição ambígua e imaturidade de Sólon, com sua vida de aventuras, ilegalidade e violência (atributos culturalmente masculinos). Alicia, a sua amada, apesar da paixão eterna – a ponto de subverter a genética -, manteve-se atrelada a sua condição de classe, submeteu-se, infeliz, às convenções, repudiando-o. Para mim, o grande parceiro de emancipação, de liberdade de Sólon, não é Rachel com a progressiva construção da sua identidade feminista, mas antes o taverneiro Rocha, que abandonou a sua família para viver um grande amor e o faz incondicionalmente, aceitando a partilha de Madalena com outros homens, sem exclusivismo
Óbvio, o livro de Rita Sanches, realista e fantástico, merece, não uma discussão antropológica, mas sim, uma abordagem que privilegie os seus componentes literários, sua linguagem, sua narrativa e personagens, suas cores, sons, odores, seu humanismo e sua luta pela respeito à liberdade e diversidade... Enfim, é um livro que não se abandona até o seu último capítulo, como diz Hélio Pólvora, emociona.

Solón, o coração iluminado (Parte II)

Carrera, um povoado imaginário, contido na América do Sul, que poderia estar no Brasil, guarda uma sociedade tradicional, hierarquizada e pessoalizada, onde todos têm a oportunidade de se conhecer e ocupar posições definidas. Uma ordem comunitária, sem grandes transformações, com sua específica noção de tempo, onde se perguntava o que fazer dos dias; como uma família, segmentada, é verdade, pautada nas tradições, violência e distinções que estabelecem quem tem o poder, contudo, unida por laços de submissão e lealdades (clientelismo), omissões e conveniências. A autora, à Nestor Duarte, decompõe o antigo poder político, mostrando a força do patronato, do caudilhismo imperante nas Américas menos afortunadas, a ordem privada que, no seu domínio, constrange e subordina os homens livres. Mostra a vida dos poderosos locais, seu encastelamento solitário, e a emergência da nova geração de privilegiadas (concentra-se nelas), que na sua insipidez existencial, marcam a sua distinção e arrogância, uma continuidade do mandonismo e, muitas vezes crueldade, da geração que iria substituir no poder. Sólon, por sua beleza e comportamento altivo, se tornará o “brinquedo exótico”, o “animal adestrado do circo”, dos seus desejos recolhidos. Sob outro plano tratará dos despossuídos, dos oprimidos, das classes populares, atentando para a sua riqueza existencial, contida numa vida comunitária, plena de sociabilidades, mistérios, aventuras e amores. A Taberna de España, como palco maior da vida boêmia do povoado, onde nas canecas velhas cheias de vinho tinto, transbordava a música, a dança, os amores fugidios, o sonho de felicidade. Maniqueísmo da autora? Talvez sim. E por que não? O certo é a força da sua narrativa, a forma como constrói os seus personagens. E eles vão aparecendo: os emigrantes apaixonados de Espanha; Dona Clotilde e suas “prendadas” alunas; Rachel, desde cedo diferenciada, a caminho do feminismo; a feiticeira índia Uiá; a senhora Etelvina, com seus filhos imbecis e sobrinhos loucos, no seu eterno leito de morte; as estórias e os desenlaces do Comendador Ortiz e do Juiz Miranda e de suas famílias, o enigmático e sofrido Mário Rossano; a doce e infeliz Alicia.

Solón, o coração iluminado (Parte I)

O romance de Rita Sanches (“Sólon, herói de algures”. Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, 2004 (Casa de Palavras. 1.2.3. v. 20; Prêmio Braskem de Cultura e Arte-Literatura) ao mesmo tempo envolve e fascina! O seu livro é a estória de um jovem, belo, órfão, pobre, morador de um povoado (Carrera) no interior da América do Sul. Ali, participa da vida simples, corriqueira e boêmia do povoado, mas, é compelido, por sua beleza e comportamento, a ser instrutor de equitação das jovens mancebas da elite local. Simultaneamente, conhece um jovem viajante que realiza atividades desconhecidas e tornam-se grandes amigos. A partir do viajante, toma conhecimento dos meandros da construção do poder na sociedade local. Desperta paixões e se apaixona, mas inesperadamente o seu amigo é assassinado, por tentar abandonar a condição de intermediário no contrabando internacional de pedras preciosas efetuado pelos poderosos de Carrera. Cônscio do comércio ilegal e da corrupção que permeava a construção da riqueza no povoado, também deve morrer. Preso, espancado, inesperadamente, consegue desvencilhar-se dos seus algozes, e vinga-se, matando sem piedade os dois filhos de um dos mandantes do assassinato do seu amigo querido. Sabendo-se perseguido, emigra para o Velho Mundo e jamais foi encontrado, tornando-se uma lenda no povoado e na região circunvizinha. Portanto, essa é, em termos simplificados, a trama heróica e policial desenvolvida por Rita Sanches em seu romance. Porém, por sua complexidade e consistência o livro permite várias outras leituras...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Gerânio (Nando Reis, Marisa Monte, Jennifer Gomes)

Ela que descobriu o mundo
E sabe vê-lo do ângulo mais bonito
Canta e melhora a vida, descobre sensações diferentes
Sente e vive intensamente
Aprende e continua aprendiz
Ensina muito e reboca os maiores amigos
Faz dança, cozinha, se balança na rede
E adormece em frente à bela vista
Despreocupa-se e pensa no essencial
Dorme e acorda
Conhece a Índia e o Japão e a dança haitiana
Fala inglês e canta em inglês
Escreve diários, pinta lâmpadas, troca pneus
E lava os cabelos com shampoos diferentes
Faz amor e anda de bicicleta dentro de casa
E corre quando quer
Cozinha tudo, costura, já fez boneco de pano
E brinco para a orelha, bolsa de couro, namora e é amiga
Tem computador e rede, rede para dois
Gosta de eletrodomésticos, toca piano e violão
Procura o amor e quer ser mãe, tem lençóis e tem irmãs
Vai ao teatro, mas prefere cinema
Sabe espantar o tédio
Cortar cabelo e nadar no mar
Tédio não passa nem por perto, é infinita, sensível, linda
Estou com saudades e penso tanto em você
Despreocupa-se e pensa no essencial
Dorme e acorda

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Doces melodias

Eu sempre gostei de música, isso é fato. Ela me ajuda a esquecer o mundo ao redor e me faz focar, mais rapidamente, em algo; como nos últimos dias tenho que esquecer dos meus adoráveis vizinhos, do telefone que insiste em tocar e da porta que me faz lembrar que existem pessoas extra-casa, ela tem sido uma excelente saída!
Antes, eu ficava satisfeita em colocar um cd e ouvir todas as suas músicas, inevitavelmente seguia um roteiro: skank ("multishow", cd's 1 e 2), Capital Inicial ("multishow" também), Mariene de Castro ("santo de casa") de volta a skank ("cosmotron"), nesse instante era tempo de parar e comer alguma coisa, para retonar às músicas (com os cd's mais diversos) e ao texto. Mas, depois de algum tempo, acabei enjoando dos meus cd's (todos eles!!!) e comecei a apelar para as estações de rádio! No início, tudo certo!!! Mas, depois de um tempo acabei percebendo que eu sabia a ordem das músicas que iam tocar (porque diabos eles seguem uma lógica diária???Custava mudar um pouco???), em uma atitude desesperada partir para as estações "populares", resultado: pagodão (com suas letras ricas e complexas), definitivamente, não é o melhor ritmo para estudar, fica-a-dica!!!
Quando já estava quase desistindo, me lembrei da pasta "minhas músicas" do computador, como não tinha nada a perder cliquei nela, nossa, quanta coisa!!! Incrivelmente, tem de tudo nela: axé, forró, sertanejo, tecno, pop, rock, música internacional (inglês, francês e espanhol), bandas recentes e aquelas quem nem existem mais (de fossa a humor rasgado)... Lógico, que elas não apareceram nessa pasta do nada! Todas (ou pelo menos a maioria) foram "carinhosamente" escolhidas, por razões diversas, para serem alocadas no MP4, mas sabe como é "mudam-se os tempos, mudam-se as vontades..." e as músicas se perdem entre muitas pastas, assim como o sentido para sua escolha, porém, juro não encontrar uma justificativa racional para ter músicas de alguns cantores que me recuso a escrever aqui de tão vergonhoso que é...
Mas, foi muito bom reencontrá-las, ainda mais porque ainda não pude ouvir todas... E, nessa estória toda, confesso, ser muito divertido olhar para a expressão de perplexidade de minha mãe na porta perguntando: "o que é isso???", enquanto a minúscula caixa de som toca coisas como "bomba" (de braga boys, alguém se lembra disso??? "Bomba, para dançar isso aqui é bomba, Pra balançar isso aqui é bomba, Para mexer isso aqui é bomba" Gosto de infância!!!), "barbie girl" (não, não é na versão nacional de Kelly Key), "se ela dança eu danço" (que até o "Rei" cantou!!! :D), "pelados em santos" (gosto de infância II) , "vaca estrela e boi fubá" (Patativa é poeta!!!) e... bom, se eu começar a falar, isso não terminar nem tão cedo!!!