sábado, 29 de dezembro de 2012

Velha e louca (Mallu Magalhães)

Pode falar que eu não ligo,
Agora, amigo,
Eu tô em outra,
Eu tô ficando velha,
Eu tô ficando louca.
Pode avisar qu'eu não vou,
Eu tô na estrada,
Eu nunca sei da hora,
Eu nunca sei de nada.
Nem vem tirar
Meu riso frouxo com algum conselho
Que hoje eu passei batom vermelho,
Eu tenho tido a alegria como dom
Em cada canto eu vejo o lado bom.
Pode falar qu'eu nem ligo,
Agora eu sigo
O meu nariz,
Respiro fundo e canto
Mesmo que um tanto rouca.
Pode falar, não importa
O que tenho de torta,
Eu tenho de feliz,
Eu vou cambaleando
De perna bamba e solta.
Nem vem tirar
Meu riso frouxo com algum conselho
Que hoje eu passei batom vermelho,
Eu tenho tido a alegria como dom
Em cada canto eu vejo o lado bom.
Nem vem tirar
Meu riso frouxo com algum conselho
Que hoje eu passei batom vermelho,
Eu tenho tido a alegria como dom
Em cada canto eu vejo o lado bom.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Ser amigo é...

... passar meses sem se ver e, no momento do encontro, a conversa fluir como se não tivesse passado nem um dia.
... passar meses sem se ver e, no momento do encontro, dizer o quanto a outra pessoa engordou, sem fingimentos.
... é falar a verdade, mesmo quando precisamos ouvir uma mentira bonita.
... sorrir de uma piada sem graça. Sorrir de desespero. Sorrir de alegria. Sorrir sem motivo. Sorrir para motivar. Sorrir para alegrar. Sorrir para silenciar. Simplesmente sorrir...
... se mostrar, sem medo de julgamento.
... falar besteira sem medo de parecer tolo.
... se meter na vida do outro, mesmo quando não é chamado.
... chegar sem aviso prévio, e mesmo assim, ser bem recebido.
... poder abordar todos os tipos de assunto, desde a economia mundial, até a novela das oito, sem qualquer constrangimento.
... torcer, sofrer e festejar juntos (mesmo que longe, fisicamente).
... estar perto, mesmo estando a quilômetros de distância.
... tomar banho de mar em uma tarde fria.
... tomar chuva por pura lerdeza.
... dar broncas, quando necessário. Proteger, quando necessário. Ser sincero, quando necessário. Estirar a mão, quando necessário. Estar junto, quando necessário. Saber a hora de se afastar, quando necessário.
... lembrar do outro com pequenas coisas (uma música, um poema, um animal, uma hora do dia, um livro, um cantor...).
... saber dividir (não só as coisas materiais, mas, principalmente as imateriais).
... completar aquela música ridícula que nem você sabe como e para quê decorou ("se você gosta de mim, eu acho...")
... rever as fotos, ou cartões, ou mensagens, ou e-mails dos melhores momentos de sua vida e sempre identificá-los por perto.
... ganhar um irmão que não tem os mesmo gens.
... ficar feliz com vitórias alheias. Ficar com raiva de injustiças alheias. Ficar esperançosa com expectativas alheias. Ficar triste com tristezas alheias...

Ninguém pede para ser amigo. Não sabemos o momento exato que uma amizade nasce. Algumas atitudes a fortalecem, outras fazem com que ela morra. Ser amigo não é estar sempre junto fisicamente, afinal, estar do lado, nem sempre significa estar junto... Ser amigo não significa sempre concordar com as mesmas coisas, mas sim, respeitar as opiniões diferentes... Com um verdadeiro amigo as horas passam mais rápido, a pior das viagens se transforma em uma aventura (no mínimo engraçada) e a noite perdida (qualquer que seja o motivo) vira uma festa! Ser amigo nos torna espacial. Ser amigo nos faz único. Ser amigo nos faz mais feliz!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Desde los afectos (Mario Benedetti)

¿Cómo hacerte saber, que siempre hay tiempo?
Que uno sólo debe buscarlo y desearlo,
Que nadie establece normas, salvo la vida,
Que la vida, sin ciertas normas, pierde forma,
Que la forma no se pierde con abrirnos,
Que abrirnos no es amar indiscriminadamente,
Que no está prohibido amar,
Que también se puede odiar,
Que el odio y el amor, son afectos,
Que la agresión porque sí, hiere mucho,
Que las heridas cierran,
Que las puertas no deben cerrarse,
Que la mayor puerta, es el afecto,
Que los afectos nos definen,
Que definirse, no es remar contra la corriente,
Que no cuanto más fuerte es el trazo, más se dibuja,
Que buscar equilibrio no es ser tibio,
Que negar palabras indica abrir distancias,
Que encontrarse es muy hermoso,
Que el sexo forma parte de lo hermoso de la vida,
Que la vida parte del sexo,
Que el querer saber de alguien, no es sólo curiosidad malsana,
Que nunca está demás agradecer,
Que la autodeterminación no es hacer las cosas solo,
Que nadie quiere estar solo,
Que para no estar solo, hay que dar,
Que para dar, debemos recibir antes,
Que para que nos den, debemos saber como pedir,
Que para pedir no es regalarse,
Que regalarse es, en definitiva, no quererse,
Que para que nos quieran, debemos demostrar que somos,
Que para que alguien sea, debemos ayudarlo,
Que para ayudar es alentar y apoyar,
Que adular no es apoyar,
Que adular es tan pernicioso como dar vuelta la cara,
Que las cosas cara a cara son más honestas,
Que nadie es más honesto porque no robe,
Que cuando no hay placer en las cosas, no se está viviendo,
Que por sentir la vida no hay que olvidar que existe la muerte,
Que se puede estar muerto en vida,
Que se siente con el cuerpo y con la mente,
Que con los oídos se escucha,
Que cuesta ser sensible y no herirse,
Que herirse no es desangrar,
Que para no ser heridos, levantamos muros,
Que quien siembra muros, no recoge nada,
Que casi todos somos albañiles de muros,
Que sería mejor construir puentes,
Que sobre ellos se va a la otra orilla y también se vuelve,
Que también se puede retroceder,
Que retroceder también puede ser avanzar,
Que no por mucho avanzar, se amanece más cerca del sol,
¡Cómo hacerte entender que nadie establece normas, salvo la vida!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Um presente...

"Agradecidos doces a Stella Leonardos" (Manuel Bandeira)
 
"Doces de açúcar e gemas
São teus versos, e teus doces
Sabem a poemas: não fosses
Toda doce em cada poema !
 
Pouco o côco rimam, sim
Mas quando o côco é o seu côco,
Que, por mais que seja, é pouco
(Pelo menos para mim ! )
 
Não veio doce, mas veio
Verso seu, que me é tão doce
Como se doce ele fosse
Mais que doce: doce e meio"

...e uma provocação

"A mulher que não gostava de doce, mas mesmo sem ser doce era comida
 
Mulher que não gosta de doce
Talvez doce não seja
Talvez seja comida de todos
Até mesmo os que não sentam na mesa
 
Comida para ela só acre
Por isso lhe falta gordura
Gostando de uma peça dura
Mesmo que seja de vinagre
  
O que ela gosta é mesmo de pimenta
Assim ela nunca chia
Pois quanto mais ardor
Na frente ou atrás ela sempre aguenta
 
Não sei se ela gosta de dessert
Afinal ela é muito amarga
Mas gosta de coisa larga 
Esteja deitada ou em pé
 
Para concuir eu quero um licor
Mas ela não gosta dele doce
Prefere um pepino e um tamarindo
Para entrar com muita dor. "

sexta-feira, 23 de março de 2012

"O amor e a fome movem o mundo"

O poeta alemão Schiller conseguiu classificar os dois principais motores das ações humanas no verso acima. Tanto o amor quanto a fome nos impulsiona a sair do estado de quietude e ir em busca de novos caminhos; de maneira similar, ambos influenciam, diretamente, os estados de humor e modos de enxergar o mundo, enquanto o primeiro faz as coisas parecerem mais leves e coloridas, o segundo torna os acontecimentos tristes, sombrios e pesados.
Outros aspectos ainda podem ser explorados, como por exemplo, a relação que estabelecemos entre as pessoas - e/ou cenas cotidianas - e os alimentos: se uma criança é bem-comportada, dizemos que ela é "um DOCE de criança"; por outro lado, se lhe sobra energia e ela não pára quieta, como não dizer que ela é "uma PIMENTINHA"? Se alguém marca um compromisso e não aparece, levamos um BOLO! Quando o dia está extremamente quente, normalmente, suamos feito um CUSCUZ! Quando uma pessoa é depressiva, só fala fatalidades e não tem amigos, dizemos que ela é AMARGA! Isso sem falar dos apelidos carinhosos: DOCINHO DE COCO, CHUCHUZINHO (que perdeu toda a referência quanto a origem francesa), e por aí vai...
Algumas das principais revoluções da História foram ocasionadas pela fome do povo, além dos estados de miséria e exploração do homem pelo homem. A fome, neste caso, não é aquela sensação existente no intervalo entre as refeições, mas sim, a total (ou parcial) ausência de alimentos que põe em risco o bom funcionamento do corpo humano, algumas vezes ocasionando a morte.
O amor e a fome nos impedem de pensar, de agir racionalmente e, principalmente, nos fazem sair de um estado de letargia e ir em busca daquilo que pode nos saciar e acabar com toda a esperar sem fim, seja a pessoa amada, seja um suculento prato de comida!