terça-feira, 10 de novembro de 2015

"Ninguém pode sonhar por ti!"



Eu acredito que o homem morre quando para de sonhar. Os sonhos, realizáveis ou não, tornam a vida mais leve, a rotina mais suportável e os dias mais prazerosos. No entanto, cada sonhador tem de sonhar seu próprio sonho, seja ele sozinho ou acompanhado por outros sonhadores que compartilham o mesmo desejo. Ninguém pode impor, ou até mesmo sugerir, o que o outro pode sonhar, tem que ser algo de dentro, algo que lhe faça sentido (mesmo que contrarie a ideia imposta pela maioria) e que lhe faça seguir adiante. Planejar é distinto de sonhar. Quando planejamos algo, normalmente, traçamos metas, meios e estratégias. Podemos dizer que o planejamento é um caminho para a realização de um sonho. Os sonhos, por sua vez, são livres e não tem qualquer obrigação com a realidade. Eu posso sonhar em ser o que eu quiser. E, com planejamento e ação eu posso torná-lo realidade, mesmo que numa dimensão mais simples, mais real, até. Às vezes, demasiadamente concreta e muito mais simples em relação ao plano onírico. Permaneço uma sonhadora. Não posso dizer que "tenho em mim todos os sonhos do mundo", mas tenho em mim todos os sonhos do meu mundo. Alguns são realizáveis, outros já passaram pelo crivo da realidade e foram/estão sendo planejados e outros tantos dificilmente serão concretizados, devido a complexidade e desapego com a realidade. Sonhos, sonhos, sonhos...

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Canto dos Emigrantes (Cordel do Fogo Encantado)


Com seus pássaros
Ou a lembrança de seus pássaros

Com seus filhos
Ou a lembrança de seus filhos

Com seu povo
Ou a lembrança de seu povo

Todos emigram

De uma quadra a outra do templo

De uma praia a outra do atlântico

De uma serra a outra das cordilheiras

Todos emigram

Para o corpo de Berenice
Ou o coração de Wall Street

Para o último templo
Ou a primeira dose de tóxico

Para dentro de si
Ou para todos

Para dentro de si
Ou para todos

Para dentro de si
Ou para todos

Pra sempre todos emigram

sábado, 26 de setembro de 2015

Tu risa (Pablo Neruda)

Quítame el pan si quieres,
quítame el aire, pero
no me quites tu risa.

No me quites la rosa,
la lanza que desgranas,
el agua que de pronto
estalla en tu alegría,
la repentina ola
de plata que te nace.

Mi lucha es dura y vuelvo
con los ojos cansados
a veces de haber visto
la tierra que no cambia,
pero al entrar tu risa
sube al cielo buscándome
y abre para mí
todas las puertas de la vida.

Amor mío, en la hora
más oscura desgrana
tu risa, y si de pronto
ves que mi sangre mancha
las piedras de la calle,
ríe, porque tu risa
será para mis manos
como una espada fresca.

Junto al mar en otoño,
tu risa debe alzar
su cascada de espuma,
y en primavera, amor,
quiero tu risa como
la flor que yo esperaba,
la flor azul, la rosa
de mi patria sonora.

Ríete de la noche,
del día, de la luna,
ríete de las calles
torcidas de la isla,
ríete de este torpe
muchacho que te quiere,
pero cuando yo abro
los ojos y los cierro,
cuando mis pasos van,
cuando vuelven mis pasos,
niégame el pan, el aire,
la luz, la primavera,
pero tu risa nunca
porque me moriría.