quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Quem ensina e quem aprende?


Ensinar é uma das atitudes mais altruístas que uma pessoa pode fazer por outra! Se o conhecimento é algo que ninguém vai nos roubar e que vamos levar para o caixão (mais um ditado popular!), ensinar a alguém o que sabemos é muito gratificante, e faz com que a corrente não se quebre!
É indescritível a sensação de ver um estudante descobrindo novos horizontes! Estimular a curiosidade, a busca, o interesse pelo desconhecido, o brilho no olhar, a formulação de novas questões, a inquietação, a dúvida...
Há quatro anos, na primeira vez que assumi uma sala de aula sozinha, (nossa! O tempo voa!) eu me lembro que fiquei apavorada com a idéia, mil perguntas passaram por minha cabeça, o medo da rejeição, de não dar conta, de não ser bem aceita... Meu diário de campo que o diga! Mas, aos poucos fui me acostumando e, hoje, eu sofro quando não estou ensinando!
Lógico que sei de todas as dificuldades que o professor enfrenta no nosso país: a má remuneração, o excesso de trabalho, a falta de reconhecimento, a apatia (dos alunos, dos colegas, dos pais, dos diretores, dos governantes, da família, de nós mesmo, etc), o desrespeito, a violência em algumas escolas...
De fato, não é uma opção fácil! Os dias não são iguais! Os planos, às vezes (ok, quase sempre), têm que ser mudados no meio do caminho, falta luz, o aparelho quebra, há uma discussão entre os estudantes, uma prova de outra matéria, a briga com o namorado, com o pai, com melhor amigo... mil problemas, sobretudo quando lidamos com adolescentes (que eu adoro trabalhar, apesar de ser uma fase "meio difícil", confesso que sinto dificuldades de ensinar a crianças por causa das palavras que têm que ser usadas, os sonhos nessa fase são tão frágeis...)!
Sou guiada pela paixão! Isso faz parte da minha personalidade. Tenho que gostar do que faço, e por gostar, me entrego de cabeça! Dessa forma, muitas vezes meu "papel" foi muito além, extrapolei a função de "somente" passar o conteúdo programático e fui amiga, conselheira, a irmã mais velha (me recuso a falar que fui mãe, pelo menos por enquanto, não! Daqui a quinze anos quem sabe?), a salvadora, a mediadora, mas em algumas situações também fui a inimiga, a chata, a perfeccionista, a "pedra no sapato" de muitos deles... Espero que um dia eles entendam que só tentei dar o meu melhor...
Cada pessoa tem um jeito de ensinar, eu optei por fazer em sala de aula, exatamente o que eu gostaria que fizessem comigo! Parece piegas, mas é a mais pura verdade! Cada um busca o melhor para si (mesmo que isso não seja, necessariamente, a melhor opção! Acontece...), então porque não dar algo parecido com o que gostaria de receber? Parece utópico, sobretudo com todos os problemas já mencionados acima! É uma quimera, sim! Mas, por enquanto ainda tenho paixão! E com paixão é mais fácil continuar trilhando, mesmo sob um sol forte ou uma chuva fria...
É, realmente, muito chato ter que fazer planejamento, corrigir provas, enfrentar conversas paralelas, "cara de paisagem"... Mas, é muito bom ver seu aluno crescendo um pouquinho a cada dia, desenvolvendo o senso crítico, não aceitando o que lhe impõem, mas questionando cada vez mais e mais (os pais devem me adorar por isso! rs), passando em vestibulares, dando passos cada vez maiores... É indescritível!
Muito obrigada a meus professores pelo o que me ensinaram, e que hoje eu repasso! Não me refiro, somente, aos assuntos das disciplinas, mas aos exemplos, às ações, aos conselhos e, sobretudo, a paciência e a crença depositados em mim!
E, muito obrigada a meus alunos pela aprendizagem diária! Durante nossas aulas, eu fui muito mais aprendiz do que mestra, podem acreditar!
Por fim, quem se atreve a responder a pergunta do título? Quem realmente ensina e quem aprende? Fui, e sou, mestra e aprendiz nessa relação, e, sinceramente, acredito que assim que deve ser! E, por enquanto não estou disposta a mudar de idéia, e quando eu começar a repensar nessa relação, largo tudo e vou prestar outro vestibular! Desta vez para geologia.

Um comentário:

  1. Minha educadora Biocêntrica, rs! Muito bom teu texto,tua experiência é mesmo um exemplo.É assim, que nem tu (que se eu for professora), pretendo ser. Meu medo, é exatamente, de não conseguir ser como eu desejo, acho que sofremos de algo parecido, o perfeccionismo.
    Obrigada, pelo texto, relamente tu me ajuda a pensar!!!
    Um beijo grande!!!

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