segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Uma escolha

É muito engraçado como os assuntos se repetem com certa freqüência! Em outubro, por exemplo, os temas preferenciais eram sobre borboletas e mandalas, mas mês novo assunto renovado! Ok, não há uma regra rígida para isso, e, talvez, seja só maluquice da minha cabeça, mas, recorrentemente, tenho ouvido, de várias pessoas, a pergunta: "porque você escolheu a antropologia"? Na primeira vez, tentei responder da forma mais eloqüente possível, a partir da segunda, dei meu melhor riso sem graça e tentei convencer meu interlocutor de que eu, realmente, gosto do que eu faço; depois da quarta indagação comecei a ficar desconfiada e passei a responder com outra pergunta: "por que não antropologia"? Ainda bem que, até agora, não recebi nenhuma resposta convincente...
Mas, por mais que eu finja que nada aconteceu, a sementinha da reflexão já estava plantada: porque a antropologia? Na realidade, a história começa um pouquinho antes... Aos 16 anos tive que decidir qual profissão seguiria para toda a vida, depois de muito pensar, escolhi Produção Cultural - naquela época achava que o jornalismo era minha cara! -, por sorte não passei no meu primeiro vestibular! Mais um ano estudando e, por fim, escolhi Ciências Sociais! Minha família, apesar de não entender minha escolha, nunca se opôs e esteve todo o tempo me apoiando.
Desta vez, passei e, aos 17 anos estava caminhando, a curtos passos, a longa estrada da minha carreira profissional! No primeiro dia de aula a fatídica pergunta: "Por que Ciências Sociais"? Ora, eu queria trabalhar com gente, queria entender a sociedade e minimizar suas mazelas, na verdade, eu queria mesmo era mudar o mundo! E, na minha quimera, ainda acho que posso...
Estava indo tudo muito bem, obrigada, até o ponto crítico da escolha de somente uma ciência para o bacharelado, e agora? Antropologia? Ciência Política? Sociologia? Tentei fugir, mas já tinha a resposta desde o início, não teve outro jeito: a Antropologia venceu!
Mas, porque antropologia? Admito que não tenho UMA resposta (aliás, eu nunca tenho somente uma resposta!), tenho várias! Não fiz essa escolha pensando em "dinheiro, fama e glória" (apesar de serem importantes na nossa sociedade, afinal, "alguém tem que pagar o leitinho das crianças", né?), nem em rotinas rígidas, muito menos em respostas prontas ou dados colhidos esperando ansiosamente para serem tratados!
O que mais me encanta é justamente o inesperado, a mudança brusca de planos, de métodos, de teorias! Lidar com pessoas me fascina e me amedronta ao mesmo tempo! Sou, constantemente, desafiada, tenho que rever meus planos quase que diariamente e, ao invés, de saber as respostas, tenho, antes, que buscar as perguntas!
Caminho entre o conhecido e o desconhecido, ouço a representação e observo a ação, me envolvo com a teoria e flerto com a prática, busco a resposta no outro e em mim mesma, me perco e me encontro constantemente... Eu escolhi a antropologia e, hoje, tento ser uma antropóloga! E, espero, sinceramente, que um dia eu consiga, apesar de ainda estar muito longe disso e de não ter uma resposta que convença quem me indaga. Mas, por mais que seja contraditório que seja, eu estou convencida e feliz com minha escolha, será por isso que eu não tenho uma resposta pronta? Vai saber...

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