Meio caminho andando! E até agora, a quinta elegia, das Elegias de Duíno, foi a que mais me intrigou! Na primeira leitura não consegui compreender o que o poeta queria dizer e, confesso, tive vontade de desistir dessa brincadeira (às vezes a fuga é tão mais fácil!), mas, relutei e li atentamente o comentário em anexo e, descobri que a pista que tanto procurava estava no quadro Les Saltimbanques de Pablo Picasso (figura abaixo), que foi a fonte de inspiração de Rilke nesse texto.
Logo no início, pude notar uma analogia (estarei certa?) entre a atividade desses artistas e a própria vida: “ela os torce, curva-os, entretece-os, vibra-os, atira-os e os toma de volta!” E, eles têm que ser fortes, apesar dos percalços do caminho, em que “a rosa do contemplar: floresce e desfolha” aos olhos do público, que a tudo observa e comenta.
Rilke fala, a partir de metáforas, sobre cada uma das personagens da gravura: o menino carente de amor materno, o velho que habita num corpo outrora pertencente a um homem que não mais vive (será que as mazelas do caminho foram responsáveis por sua morte?), o homem jovem – “retesado e vigoroso, cheio de músculos e de simplicidade” -, o jovem imaturo, que também anseia o amor de mãe, detentor do “corpo que dissipa, leviano, a expressão tímida e incompleta...”. Além da mãe, sempre distraída até mesmo para dar atenção e carinho aos filhos, e a menina de franjas: “esquecida no silêncio das alegrias vivas e apressadas”.
Nessa imagem também há a figura invisível do Anjo, que, nessa hora, encontra-se um pouco mais sensível as dores humanas, porém, mais uma vez distante e superior. Mas, porque os anjos se preocupariam com os artistas, uma vez que seus próprios expectadores não se preocupam com eles, enquanto seres humanos, somente os enxergam enquanto espetáculo, apenas mais um espetáculo nas praças de Paris, ou de qualquer outra parte do mundo?
“E estes arrojariam suas últimas, sempre poupadas, sempre ocultas, desconhecidas moedas de felicidade para sempre válidas, diante do par verdadeiramente sorridente, sobre o tapete apaziguado”.
PS: Como eu disse acima, no texto, essa foi a elegia que mais me assustou, em relação a incompreensão inicial das palavras do poeta, entretanto, após esmiuçar os versos, vi que o problema estava em mim, ou pelo menos na minha ânsia de buscar respostas para perguntas que, nem eu mesma sei, se existem! Buscava algo demasiadamente complexo, enquanto que o que eu tinha sob os olhos era uma belíssima descrição de uma cena corriqueira e simples. Mas, há tanta beleza em situações ordinárias, que de tão comuns parecem completamente estranhas e nos fazem pensar em desistir!
Amanhã a sexta elegia!!! Pelo menos eu espero...
ResponderExcluirA sexta e as próximas!!! Eu tbm espero!!!
ResponderExcluirBeijo!!