A terceira elegia aborda o amor, nas suas mais diversas manifestações: o amor platônico, o amor carnal, o amor correspondido, o amor romântico, o amor fraterno... Mas, sempre o amor! Emoção que, apesar de ser individual - no corpo de cada pessoa - une dois, ou mais, seres! Com ele, o mundo ganha um novo sentido, os dias são vividos de outra forma e as coisas adquirem novos significados! Amar é muito bom, mas tão importante é ser amado! O amor ideal é aquele em que há uma troca entre os amantes, tal como uma via de mão-dupla!
Há uma clara distinção entre a exaltação do ser amado e as razões para que essa emoção exista, é válido lembrar que ela, algumas vezes, passa longe do racional e, outras “tantas vezes o assaltava em plena solidão, antes que a mulher amada o abrandasse, como se nem mesmo ela existisse”. A noite, tempo de silêncios e delírios oníricos, demora de passar e tudo observado lembra o objeto de seu desejo (“ouve como a noite se escava e se esvazia”), e o pensamento voa para longe (“quem assim distendeu o arco espectante de suas sobrancelhas”)...
O amor não é fácil de ser descoberto, e após uma demorada brincadeira infantil de esconde-esconde ele, tal como uma criança birrenta, “abrandado, habitua-se à intimidade do teu coração e toma e se inicia”. Não há momento para ser iniciado, e muito menos, um instante exato para ir embora! Muitos de nós, já nascemos num meio impregnado por ele e aprendemos a usá-lo, a demonstrá-lo, a senti-lo e a retribuí-lo! E, aos poucos, tudo se torna mais fácil, ou pelo menos, menos estranho: “tantas coisas assim dissimulaste: a escuridão suspeita do quarto, tornaste inofensiva; de teu coração, refúgio pleno, um espaço mais humano retiraste, para uni-lo ao espaço de suas noites. Não nas trevas, mas em tua presença mais próxima pousaste a luz noturna, como luz de amizade. Nenhum ruído que não explicasses, sorrindo, como se há muito soubesses quando o pavimento assim se comportava. E ele ouvia, apaziguado, tal era o poder da tua suave permanência. Atrás do armário se ocultava, num manto enorme, seu destino e as desordenadas linhas do futuro inquieto, às dobras da cortina se amoldavam”.
O ser amado, e amante, é confortador, seguro e acalenta. O amor estimula a entrega, uma vez que, a confiança é sua companheira fiel (“como ele se entregava! Amava.”)! O amor é eterno (pelo menos enquanto dure, já alertou outro poeta) e intenso, posto que “não amamos como as flores, depois de uma estação; circula em nossos braços, quando amamos, a seiva imemorial”.
Não devemos amar com reservas, ressalvas e medos, devemos simplesmente amar! Sem tempos, medos, causas, razões, justificativas... O que seria da vida sem o amor? O que seríamos de nós sem amar e sem sermos amados? Tudo se tornaria tão vago como as noites sem estrelas, é necessário “a paz dos jardins e o contrapeso das noites... Retém-no...”
Não consegui esperar até amanhã, para postar o terceiro texto! Quarta elegia em breve... Elegias de Duíno (Rainer Maria Rilke.
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