sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz 2011!!!

Adoro final de ano (diferentemente do Natal...), essa sensação de que todas as besteiras, arrependimentos, erros, perdas e oportunidades perdidas ficaram para trás!!! Encanta-me, de forma similar, a esperança que brota em todos os cantos como se o tempo nos pertencesse na sua totalidade (ah, como é doce a ilusão!), e a união (verdadeira ou não) que atinge as pessoas!!! ADORO!!!
Que 2011 seja repleto de saúde, paz, alegria, amizade, amor, boas energias, sucesso, oportunidades, sonhos, gargalhadas, música, muitas coisas boas e coragem para superar as ruins que insistem em aparecer, afinal, a vida é assim!!!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Até quando?

Mais uma vez, o anúncio do aumento da passagem do transporte coletivo soteropolitano ocorre no período das férias letivas, tudo indica que nossos governantes ainda trazem a amarga lembrança da Revolta do Buzu que parou, durante vários dias, a capital baiana. Mas, parece que dessa vez será diferente, os estudantes estão se mobilizando (mesmo de suas casas, entre uma atividade lúdica e outra) para realizar uma passeata que promete fazer os responsáveis por tal abuso repensar suas decisões. Lógico que isso não ocorrerá devido aos gritos e rostos estudantis pintados, mas sim por causa da repercussão que está acontecendo em Salvador - somente uma comunidade do Orkut já extrapola a marca de 2000 pessoas, isso sem falar de outras tantas que surgem independentes, do facebook, do Twitter, do Youtube (http://www.youtube.com/watch?v=YFAMl_bi4jM)... Bendita internet, mesmo com todos os transtornos após o incêndio da Oi!!! E de imaginar que eu sou do tempo dos panfletos e dos arrastões pelas escolas (CEFET, Ruy Barbosa, Severino Vieira, Central, Senhor do Bonfim...)!!!
Até quando a população irá sofrer com o descaso e os abusos de uma gestão que deixa, e muito, a desejar? Se cada povo tem o governo que merece, somos muito pior do que meus pensamentos, mais pessimistas, seriam capazes de imaginar... E o pior, é que eu nem votei neles...

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Vixi, definitivamente, o tempo nos escorre pelas mãos de forma muito rápida! Por mais que eu procurasse ignorar (ou pelo menos fingir esquecer) hoje é Natal! Na realidade, ignorar é uma palavra muito forte, na verdade, eu tentei fugir de todos os rituais que a data exige, mas como boa (aspirante a) antropóloga que sou, acabei me rendendo aos rituais! E, uma vez, envolvida até o pescoço decidi me render! Já fiz tudo o que minha posição familiar me "permite" (a palavra correta seria "obriga", desde pequena sempre me dou mal...): arrumei a árvore, montei o presépio, decorei a casa, enrolei os presentes (os meus e os dos outros), sondei as pessoas para descobrir seus gostos e tamanhos e, para coroar a situação, fui hoje pela manhã ao shopping e ao supermercado!!! Mas, por mais estranho que pareça, estou feliz, mesmo imaginando o festival de hipocrisia que ainda está por vir... Certamente, irei sobreviver e sentir saudades, até o próximo ano quando tudo recomeça e, novamente, eu tentarei, em vão, me fazer de desentendida - até ser coagida pela pressão doméstica...

Um Feliz Natal!!!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Cuide Bem Do Seu Amor (Os Paralamas do Sucesso)

A vida sem freio me leva, me arrasta, me cega
No momento em que eu queria ver
O segundo que antecede o beijo
A palavra que destrói o amor
Quando tudo ainda estava inteiro
No instante em que desmoronou
Palavras duras em voz de veludo
E tudo muda, adeus velho mundo
Há um segundo tudo estava em paz

Cuide bem do seu amor
Seja quem for,
Cuide bem do seu amor
Seja quem for...

E cada segundo, cada momento, cada instante
É quase eterno, passa devagar
Se o seu mundo for o mundo inteiro
Sua vida, seu amor, seu lar
Cuide tudo que for verdadeiro
Deixe tudo que não for passar
Palavras duras em voz de veludo
E tudo muda, adeus velho mundo
Há um segundo tudo estava em paz

Cuide bem do seu amor
Seja quem for,
Cuide bem do seu amor
Seja quem for...

Palavras duras em voz de veludo
E tudo muda, adeus velho mundo
Há um segundo tudo estava em paz

Cuide bem do seu amor
Seja quem for,
Cuide bem do seu amor
Seja quem for...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Na cabeça!

É impressionante, mas quando atentamos para qualquer coisa, seja pela leitura, ou através de uma discussão, ou ainda, por uma imagem, aquilo se torna significativo, e cheio de interpretações, por um bom tempo... Pois bem, nos últimos dias, estou voltada para o cabelo (além da alimentação, da teoria antropológica, das questões metodológicas, das discussões acerca do gênero, do desenvolvimento das crianças na escola e outras mil coisas...)!
Na semana passada, apresentei um trabalho que versava sobre o cabelo e a identidade, para ser bastante sincera, no início escolhi esse tema por se tratar de algo bem familiar, mas depois, meu grande desafio foi me afastar, o máximo possível, dos "achismos" - tudo bem que o resultado não saiu como eu imaginava, mas, pelo menos, me fez pensar um bocado sobre o assunto...
Cada sociedade escolhe certas características (físicas e emocionais) que são valoradas ou depreciadas entre as pessoas que a compõem; no caso da brasileira (assim como outras tantas), o cabelo tem grande relevância. O tipo de cabelo está associado, direta ou indiretamente, a cor da pele e, em casos mais extremos, a origem geográfica e sócio-econômica que seu portador pertence.
E, muitas são as técnicas para a manipulação dos fios, algumas bastante nocivas à saúde humana, com a aplicação de substâncias como a amônia e o formol... E, se engana quem acha que essa prática se restringe às mulheres, muitos homens já estão recorrendo aos salões, também! Afinal, vaidade (e rejeição por não compartilhar os caracteres positivados) não escolhe idade, nem sexo!
O cabelo apresenta uma forma de identidade para aquele que o possui; é inevitável a súbita associação de um sujeito a um grupo, cujo cabelo é um marcador identitário. Alguém, por acaso consegue não reconhecer o grupo dos emos, com seus cabelos milimetricamente organizados e em cima dos olhos? Ou, ainda, os punks, com seus fios espetados e coloridos?
O cabelo fala, às vezes grita e, poucos, conseguem ouvir e interpretar seus sinais, alguns consideram besteira, outros frescura, outros ainda nem se dão ao trabalho de olhar ao redor... Mas, ele é muito importante e apresenta muitas pistas de como resolver (ou minimizar) muitos problemas sérios que assolam nossa sociedade...

PS: terminarei com reticências porque ainda não estou convencida de uma conclusão, possivelmente retornei ao tema...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ruptura de um paradigma

Bem, não é segredo que eu sou não gosto, nem leio e, muito menos, repasso correntes (de qualquer tipo) da internet, essa repulsa não tem uma explicação racional, mas, confesso, que não me sinto nem um pouco à vontade de ser praguejada no final da leitura do texto, caso não faça o que ele pede! Mas, dessa vez, vou me render aos modismos da rede e vou repassar (e seguir todos os passos, juro!) o "selo" que eu recebi de Naty!
As regras são as seguintes:

1- Exibir a imagem do Selo

2- Exibir o link do Blog que você recebeu a indicação

3- Escolher 05 Blogs para dar a indicação e avisá-los

4- Dizer 3 coisas que me fazem feliz

Vamos lá!
1- O selo que eu recebi foi esse:

2- O blog de Natalie se chama "Escrever não é demodê" e o link é http://subanaminhamoto.blogspot.com

3- Escrever não é demodê
Tentando ser diferente
Devaneios antropológicos
Delírios Líricos
Mania de explicação

4- Quatro coisas que me fazem feliz... Será que são bens materiais ou situações? Afinal, "coisa" pode ser qualquer coisa, rs Deixe-me ver... Eu fico feliz estando com as pessoas que eu amo, quando estou escrevendo, quando ouço determinadas músicas (as escolhidas pelos vizinhos têm, na maioria das vezes, um poder contrário, mas tudo bem!), quando estou ensinando também me sinto radiante... ah, também gosto de chocolate, de cinema, de sorvete, de pôr-do-sol, de andar na areia, de ver o mar, de falar besteira...

Acho que cumprir todas as regras!rs Muito obrigada Naty, eu também fico muito feliz em acompanhar seu progresso (intelectual e pessoal) e ver você se tornar uma mulher de bem, cheia de planos e sonhos! Torço demais por você! E não se esqueça das proibições!rs

terça-feira, 23 de novembro de 2010

"Tenho em mim todos os sonhos do mundo!"

Eu tenho uma maneira muito particular de ver (e estar) o mundo, sabe como é, "de perto ninguém é normal", o problema é que, às vezes, eu não sou muito normal nem de muito longe,rs.
Eu considero importante algumas coisas que outras pessoas - a maioria delas para ser franca - consideram supérfluas. Uma delas, é minha crença de que todas as pessoas são movidas pelos seus sonhos, desde o momento do nascimento. Não me refiro, somente, àqueles quase impossíveis de serem realizados, mas (sobretudo) aqueles pequenos e cotidianos. São eles que nos motivam a dormir e esperar o dia seguinte, a sentir felicidade em estar vivo, a olhar para o lado e enxergar as coisas e os seres ao redor, e a seguir cada vez mais adiante...
É muito divertido observar uma criança, o maior sonho de meu principal objeto de estudo há um ano (exceto os brinquedos, claro!) era conseguir ler - ele morria de vontade de decifrar aquelas letras que serviam de chave para um mundo bonito e encantado - hoje, após um (longo e sofrível) ano de alfabetização, ele anseia dominar os números! Mas, o que isso tem demais? Todos nós, um dia, passamos por essa experiência, e, atire a primeira pedra aquele que, quando pequeno, não esgotou a paciência dos adultos lendo as placas nas ruas!
Com o tempo somos cobrados cada vez mais e mais, e acabamos não realizando as pequenas coisas que nos fazem felizes! Colocamos a máscara de seriedade e representamos o papel de "gente grande", como se isso valesse alguma coisa... Afinal, é muita infantilidade dar risada sem motivo, é coisa de criança cantar bem alto a música preferida (com o som no máximo e repetidas vezes! Tadinhos dos vizinhos,rs), é imaturidade pedir colo...
Mas, algumas situações fazem com que a alegria dos olhos se apague, e isso me preocupa, pois quando a luz se apaga e o desejo de viver se esvai, não há mais motivos para esperar o amanhã... Espero, sinceramente, que eu esteja errada e que o olhar perdido que observo no (muito querido) morador do andar de baixo (quase um tio), seja apenas um olhar de divagação...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Um pouco de Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

"PARA SER GRANDE, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive"

Uma escolha

É muito engraçado como os assuntos se repetem com certa freqüência! Em outubro, por exemplo, os temas preferenciais eram sobre borboletas e mandalas, mas mês novo assunto renovado! Ok, não há uma regra rígida para isso, e, talvez, seja só maluquice da minha cabeça, mas, recorrentemente, tenho ouvido, de várias pessoas, a pergunta: "porque você escolheu a antropologia"? Na primeira vez, tentei responder da forma mais eloqüente possível, a partir da segunda, dei meu melhor riso sem graça e tentei convencer meu interlocutor de que eu, realmente, gosto do que eu faço; depois da quarta indagação comecei a ficar desconfiada e passei a responder com outra pergunta: "por que não antropologia"? Ainda bem que, até agora, não recebi nenhuma resposta convincente...
Mas, por mais que eu finja que nada aconteceu, a sementinha da reflexão já estava plantada: porque a antropologia? Na realidade, a história começa um pouquinho antes... Aos 16 anos tive que decidir qual profissão seguiria para toda a vida, depois de muito pensar, escolhi Produção Cultural - naquela época achava que o jornalismo era minha cara! -, por sorte não passei no meu primeiro vestibular! Mais um ano estudando e, por fim, escolhi Ciências Sociais! Minha família, apesar de não entender minha escolha, nunca se opôs e esteve todo o tempo me apoiando.
Desta vez, passei e, aos 17 anos estava caminhando, a curtos passos, a longa estrada da minha carreira profissional! No primeiro dia de aula a fatídica pergunta: "Por que Ciências Sociais"? Ora, eu queria trabalhar com gente, queria entender a sociedade e minimizar suas mazelas, na verdade, eu queria mesmo era mudar o mundo! E, na minha quimera, ainda acho que posso...
Estava indo tudo muito bem, obrigada, até o ponto crítico da escolha de somente uma ciência para o bacharelado, e agora? Antropologia? Ciência Política? Sociologia? Tentei fugir, mas já tinha a resposta desde o início, não teve outro jeito: a Antropologia venceu!
Mas, porque antropologia? Admito que não tenho UMA resposta (aliás, eu nunca tenho somente uma resposta!), tenho várias! Não fiz essa escolha pensando em "dinheiro, fama e glória" (apesar de serem importantes na nossa sociedade, afinal, "alguém tem que pagar o leitinho das crianças", né?), nem em rotinas rígidas, muito menos em respostas prontas ou dados colhidos esperando ansiosamente para serem tratados!
O que mais me encanta é justamente o inesperado, a mudança brusca de planos, de métodos, de teorias! Lidar com pessoas me fascina e me amedronta ao mesmo tempo! Sou, constantemente, desafiada, tenho que rever meus planos quase que diariamente e, ao invés, de saber as respostas, tenho, antes, que buscar as perguntas!
Caminho entre o conhecido e o desconhecido, ouço a representação e observo a ação, me envolvo com a teoria e flerto com a prática, busco a resposta no outro e em mim mesma, me perco e me encontro constantemente... Eu escolhi a antropologia e, hoje, tento ser uma antropóloga! E, espero, sinceramente, que um dia eu consiga, apesar de ainda estar muito longe disso e de não ter uma resposta que convença quem me indaga. Mas, por mais que seja contraditório que seja, eu estou convencida e feliz com minha escolha, será por isso que eu não tenho uma resposta pronta? Vai saber...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Por que uma pessoa se torna importante?

Eu fico completamente encantada quando vejo uma pessoa fazendo algo que sabe, e com paixão! Na verdade, pode ser qualquer coisa, não precisa ser nada muito difícil, engenhoso ou que dispense grandes cuidados! Isso, em grande parte, deve-se a minha crença de que cada pessoa nasce com um dom para executar determinadas tarefas e, da mesma forma que não existe alguém que saiba de tudo, também não existe aquela pessoa que não sabe de nada - se isso é verdade, eu não tenho a menor idéia, mas pelo menos é uma ótima desculpa para dar quando eu me lembro que eu não sei cantar direito, não sou uma bailarina excepcional, e outras tantas coisas mais...
Ontem eu assisti a uma aula maravilhosa! Para ser sincera, não foi muito bem uma aula, e o professor (que eu já conheço de outros carnavais), além de ser indiscutivelmente bom no que faz, me impressionou por fazer uma explanação diferente - muito diferente - de como fazer um projeto de pesquisa. Mas, apesar disso, o que mexeu comigo foi o título de um dos slides: "Por que uma pessoa se torna importante"?
Fiquei pensando nisso quando li, depois ouvi o que ele disse a respeito e, posteriormente, pensei mais e mais!!! E, por fim, não cheguei a uma resposta conclusiva!!!
Uma pessoa se torna importante e especial sem explicação racional! Simplesmente acontece! Na maioria das vezes, nem percebemos quando isso ocorre, quando nos damos conta, ela já faz parte da nossa vida e da nossa história! Simples assim!!!
Às vezes, é tão bom ser imperfeita: posso chegar a essa conclusão de forma simples, sem grandes devaneios, e buscar as respostas, a cada dia e a qualquer momento, com as pessoas que julgo importantes para mim, que, até ontem, poderiam ainda não ser e, amanhã poderão deixar de ocupar esse posto... a vida é fugaz e mutável!!!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Tempos Modernos (Lulu Santos)


Eu vejo a vida melhor no futuro
Eu vejo isso por cima do muro
De hipocrisia que insiste em nos rodear
Eu vejo a vida mais farta e clara
Repleta de toda a satisfação
Que se tem direito
Do firmamento ao chão
Eu quero crer no amor numa boa
E que isso valha prá qualquer pessoa
Que realizar a força que tem uma paixão
Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais sim do que não
Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
E não há tempo que volte amor
Vamos viver tudo o que há prá viver
Vamos nos permitir

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Décima elegia

A mais complexa elegia ficou para o fim! Na décima parte do livro, Rilke nos reserva um cenário que oscila entre o encantamento e o desencantamento com o mundo em situações cotidianas, o que indica a sua própria maneira de enxergar o mundo a sua volta. Para entender as metáforas contidas nesse poema, assim como as imagens nele presente, é necessário ler os anteriores, visto que todos os temas abordados durante o livro são agora retomados.
A esperança de que o chamado ao Anjo seja atendido persiste, assim como o desejo de que todo o pranto e as dores sejam curados. O dinheiro, que tudo compra - até mesmo diversão! -, não é capaz de findá-los! Isso cabe somente ao Anjo, caso ele nos escute... E assim, a vida continua: “as crianças brincam, os amantes se ignoram, graves, sobre a erva rala e os cães seguem a natureza. Para mais longe sente-se o jovem atraído; ama talvez uma jovem”.
A Lamentação acompanha a cena e as pessoas e, em tudo, ela está presente e fala a um jovem curioso: “nós fomos, diz ela, uma grande raça, outrora. […] Outrora fomos ricos. E ela o conduz através da ampla paisagem das Lamentações, mostra-lhe as colunas do templo e as ruínas de antiqüíssimos castelos: lá viviam os sábios príncipes que dominavam outrora”. E o passeio continua a encantar o jovem, que, apaixonado, deixa sua própria vida para seguí-la...
“Solitário, ele ascende à montanha da dor original. E nem uma só vez seu passo ressoa no destino insonoro. […] E nós que imaginamos a ventura em ascensão, sentiríamos uma ternura imensa, quase perturbadora, quando uma coisa feliz cai”.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nona elegia

Mais uma vez, Rilke usa uma imagem como inspiração; se, na quinta elegia o recurso foi o quadro de Picasso, agora são os loureiros dos jardins de Duíno que incentivam o poeta a escrever. E, novamente a complexidade do simples... “Oh, não porque a felicidade exista, essa prematura dádiva de uma perda iminente. Não por curiosidade ou exercício do coração que lá poderia estar, no loureiro...”
A brevidade das coisas (e das pessoas) inquietam o escritor diante da imponente presença das árvores à sua frente: “mas porque estar-aqui é excessivo e todas as coisas parecem precisar de nós, essas efêmeras que estranhamente nos solicitam. A nós, os mais efêmeros. UMA vez cada uma, somente UMA vez. UMA vez e nunca mais. E, nós também, UMA vez, jamais outra. Porém este ter sido UMA vez, ainda que apenas UMA vez, ter sido TERRESTRE, não parece revocável”.
Escolher uma coisa, em detrimento de outra, é muito angustiante e difícil, uma vez que, o tempo não volta... Ele sempre segue adiante! Somos nós que temos que nos moldar a ele e, se necessário, parar tudo e refazer uma nova escolha e trilhar outros caminhos...
Perguntas, escolhas, medos, sensações de tempo perdido e de opções erradas... Tudo nos escorre pelos dedos e não conseguimos contê-los “em nossas simples mãos”. Recuar ou jogar-se? Falar ou calar? Amar ou não amar? Contemplar ou fechar os olhos? Conhecido ou desconhecido? Humano ou divino? Isto ou aquilo?
“Cada vez mais dissipam-se as coisas que ao nosso lado viviam e em seu lugar se instala um Fazer sem Imagem. Fazer, que tenta destruir a crosta limitante, quando a ação se desenvolve e toma novos contornos”.
Ao Anjos cabe os louvores do mundo e não o indizível; o que não é dito deve ser mostrado ou então guardado para si mesmo (mais uma escolha!), isto aliado ao fato de que Ele não se preocupa conosco... E, somente a Terra nos pertence!
“Que em nossos corações invisíveis se cumpra a sua metamorfose – infinitamente – quem quer que sejamos! […] Vivo. De quê? Infância ou futuro não decrescem... Uma caudalosa existência transborda em meu coração”.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Oitava elegia

Após abordar a metamorfose que o homem faz a cada dia, o autor agora nos fala das perdas e descobertas que fazemos durante esse processo e o que nos distancia dos animais.
“Com todos os seus olhos, a criatura vê o Aberto. Nosso olhar, porém, foi revertido e como armadilha se oculta em torno do livre caminho. O que está além, pressentimos apenas na expressão do animal; pois desde a infância desviamos o olhar para atrás e o espaço livre perdemos, ah, esse espaço profundo que há na face do animal. Isento de morte. Nós, só vemos morte”. E, por medo dela, esquecemos de viver! O medo nos paralisa...
O homem se afasta cada vez mais do seu lado animal! Sempre nos detemos a regras, normas, comportamentos, e nos afastamos de tudo o que considerado natural, sob o pretexto (e o medo) de não ser desenvolvido o suficiente para ocupar um status que almejamos ter, ou que nos é traçado por outros (sem mesmo nos perguntar o queremos, realmente! Os pais são ótimos nisso!)...
Estamos sempre muito ocupados, nunca temos tempo para coisas “desimportantes” e “ignoramos o que é contemplar um dia, somente um dia o espaço puro, onde, sem cessar, as flores desabrocham”, temos sempre para onde ir, o que fazer e uma resposta pronta para tudo! Quer dizer, pelo esperam que tenhamos tudo isso... Resultados da sociabilidade...
Sendo assim, como acreditar na existência de Deus, quando sua presença vai de encontro a escolha que os homens podem fazer a cada instante? Além do que, acreditar Nele é admitir um lado irracional e natural que tanto tentamos nos distanciar...
A mudança, qualidade de quem possui o livre-artíbrio, traz consigo medo e estranhamento: “tudo aqui é distância – lá era alento. Depois da primeira pátria, como parece a segunda incerta e sem abrigo! Bem-aventurada a pequena criatura que sempre permanece no seio que a criou”. Viver racionalmente requer certos riscos...
“E nós: espectadores em tudo e sempre, voltados para tudo, nunca de fora. Saciados, ordenamos. Mas tudo se desfaz. Novamente insistimos e nós mesmos passamos”. Somos tão fugazes e mesmo assim deixamos que o tempo nos escorra pelas mãos... Excepcionalmente, vou concluir com um clichê: “a vida é curta para ser pequena!”
Os clichês às vezes têm tanta sabedoria...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sétima elegia

Em busca de um amparo, desejamos “não, não mais buscar: que seja esta, voz da madurez, a essência do teu grito. Gritaste, em verdade, com a pureza do pássaro, quando erguido pela estação que ascende, quase esquece que é um ser desamparado, coração solitário lançado às alturas, na intimidade do céu”. O vôo sempre sem destino, algumas vezes rumo ao alto, outras tantas findadas a queda...
Durante toda a vida estamos em constante transformação – metamorfose -, dificilmente vamos dormir à noite da mesma maneira que acordamos pela manhã! Distintas situações (e pessoas) nos tornam diferentes, positiva ou negativamente, durante a jornada.
Somos eternos aprendizes! Caminhamos sempre por caminhos desconhecidos, e, nada conhecemos em sua totalidade (nem a nós mesmos!), porém “uma simples coisa aqui percebida valerá o infinito”. Mas, o que será ela? Alguém a possui? Serão essas mais perguntas sem respostas?
Nada é eterno e insensível as mudanças do tempo, porém “cada um de nós conheceu uma hora, talvez menos de uma hora inteira – duração esquiva às medidas do tempo, entre dois instantes – em que realmente existiu com plenitude”. E, nesse instante somos felizes! E, queremos, como toda a nossa força, que esse tempo não passe e que essa emoção se perpetue por toda a eternidade! Mas, não só isso! Queremos que o mundo saiba o quanto estamos felizes, e, algumas vezes, essa sensação é percebida pelos demais à nossa volta, mesmo quando nenhuma palavra sobre o assunto seja dita (mas, quem sabe um sorriso, um brilho no olhar ou uma música murmurada nos denuncie?)!
“Nossa vida transcorre na metamorfose: sempre decrescendo, o exterior desaparece. Onde havia outrora uma casa estável, ergue-se uma estrutura imaginária, atravessada, como que erigida em nosso cérebro”. A medida que nos transformamos, e crescemos, o mundo deixa de ser desconhecido e tão grande, porque dentro de nós, ele também faz morada – o homem é até mesmo capaz de atrair “para si as estrelas, deslocando-as da fixidez dos céus”!
A nossa grandeza minimiza a função confortadora do Anjo, “assim, pois não malogramos os pródigos espaços, os espaços que são nossos! (Que imensos devem ser, pois séculos do nosso sentimento não o esgotam!) Mas uma torre era alta. Ó Anjo, não o era até mesmo ao teu lado?”
Mesmo quando somos igualados (através do júbilo), a este ser celestial, ele é sempre distante e indiferente aos apelos humanos em busca de acalento e proteção. “Um abraço estendido é meu chamado. E a mão que ávida se espalma para o alto fica diante de ti, ó Inapreensível, como defesa e advertência, amplamente aberta!"

Sexta elegia

A sexta elegia é a mais curta de todas e, trata de algo que a maioria de nós, não sabe controlar: o tempo! O dia tem 24 horas, o mês 30 dias e o ano 365 amanheceres e pôres-de-sol! Falando assim parece uma eternidade, mas, hoje faltam um pouco mais de 2 meses para que 2010 deixe de ser presente e se torne passado... Ainda ontem éramos crianças ansiosos por novidades, ou então, adolescentes rebeldes e questionadores... Ah, doces tempos!
Nunca estamos, completamente, no tempo presente, e sim, rememorando o passado ou então fazendo planos para o futuro, seja ele próximo ou distante (“Figueira, há muito que te vejo esquecer quase inteiramente a floração, precipitando no fruto prematuro, incompreendido, teu puro segredo”). E, quando nos damos conta, podemos estar prestes a colher “o fruto derradeiro”, sem perceber os estágios que o antecederam: as flores, o amadurecimento, as aves em volta e o doce sumo da fruta madura.
Poucos são os que gozaram todos os estágios sem ansiar pelo próximo, e somente os heróis e os que morreram jovens são perdoados por tal desatenção. Os últimos porque a própria vida lhes tirou essa oportunidade e, os primeiros porque “sua existência é ascensão: eleva-se incansável, e penetra nas constelações mutáveis do perigo à espreita”. E, além de viver intensamente, “o herói percorre as estações do amor, e cada pulsar de um coração ardente o impele às alturas com mais força. Alheado, porém, ele é outro, ao termo dos sorrisos”.

domingo, 24 de outubro de 2010

Quinta elegia

Meio caminho andando! E até agora, a quinta elegia, das Elegias de Duíno, foi a que mais me intrigou! Na primeira leitura não consegui compreender o que o poeta queria dizer e, confesso, tive vontade de desistir dessa brincadeira (às vezes a fuga é tão mais fácil!), mas, relutei e li atentamente o comentário em anexo e, descobri que a pista que tanto procurava estava no quadro Les Saltimbanques de Pablo Picasso (figura abaixo), que foi a fonte de inspiração de Rilke nesse texto.
Logo no início, pude notar uma analogia (estarei certa?) entre a atividade desses artistas e a própria vida: “ela os torce, curva-os, entretece-os, vibra-os, atira-os e os toma de volta!” E, eles têm que ser fortes, apesar dos percalços do caminho, em que “a rosa do contemplar: floresce e desfolha” aos olhos do público, que a tudo observa e comenta.
Rilke fala, a partir de metáforas, sobre cada uma das personagens da gravura: o menino carente de amor materno, o velho que habita num corpo outrora pertencente a um homem que não mais vive (será que as mazelas do caminho foram responsáveis por sua morte?), o homem jovem – “retesado e vigoroso, cheio de músculos e de simplicidade” -, o jovem imaturo, que também anseia o amor de mãe, detentor do “corpo que dissipa, leviano, a expressão tímida e incompleta...”. Além da mãe, sempre distraída até mesmo para dar atenção e carinho aos filhos, e a menina de franjas: “esquecida no silêncio das alegrias vivas e apressadas”.
Nessa imagem também há a figura invisível do Anjo, que, nessa hora, encontra-se um pouco mais sensível as dores humanas, porém, mais uma vez distante e superior. Mas, porque os anjos se preocupariam com os artistas, uma vez que seus próprios expectadores não se preocupam com eles, enquanto seres humanos, somente os enxergam enquanto espetáculo, apenas mais um espetáculo nas praças de Paris, ou de qualquer outra parte do mundo?
“E estes arrojariam suas últimas, sempre poupadas, sempre ocultas, desconhecidas moedas de felicidade para sempre válidas, diante do par verdadeiramente sorridente, sobre o tapete apaziguado”.

PS: Como eu disse acima, no texto, essa foi a elegia que mais me assustou, em relação a incompreensão inicial das palavras do poeta, entretanto, após esmiuçar os versos, vi que o problema estava em mim, ou pelo menos na minha ânsia de buscar respostas para perguntas que, nem eu mesma sei, se existem! Buscava algo demasiadamente complexo, enquanto que o que eu tinha sob os olhos era uma belíssima descrição de uma cena corriqueira e simples. Mas, há tanta beleza em situações ordinárias, que de tão comuns parecem completamente estranhas e nos fazem pensar em desistir!

Quinta elegia (Les Saltimbanques, Pablo Picasso)

sábado, 23 de outubro de 2010

Quarta elegia

A quarta elegia aborda uma sensação que atormenta os mortais, impendindo-os, algumas vezes, de prosseguir, de conquistar novas coisas, novos horizontes, novas emoções...
Desconhecemos a resposta da principal pergunta que fazemos, pelo menos uma vez, na vida: como será o FUTURO? Levando em consideração que, pouco menos de um segundo após escrever essa questão já pode ser considerado FUTURO, visto que ele não me pertencia no momento da sua elaboração.
O FUTURO nos escorre pelas mãos, sem nos darmos conta de sua chegada! “Oh, dias da infância, em que atrás das figuras havia mais do que passado e em que diante de nós não se abria o futuro! Crescíamos, é certo, aspirando, às vezes, tornar-nos grandes, talvez por amor daqueles que nada mais tinham, senão o ‘ser grandes’”. Mas, será chegamos a crescer, ou, pelo menos, somos grandes?
Nós “não somos lúcidos como as aves migradoras. Precipitados ou vagarosos nos impomos repentinamente aos ventos e tornamos a cair num lago indiferente. Conhecemos igualmente o florescer e o murchar”. Nos banhamos, durante toda a nossa existência, nas águas da incerteza, não sabemos de onde viemos e nem para onde, e como, vamos! Muito menos conhecemos nossos companheiros de jornada, mesmo aqueles responsáveis pelos mais longos suspiros, pelas mais tenras lágrimas, pelas mais doces palavras... Na realidade, nem mesmo nos conhecemos...
“Olhai: ergue-se o pano sobre o cenário de um adeus”. Tudo é um espetáculo! Mas qual é o roteiro a ser seguido? Quem são os atores? Sobre o que trata a peça? “Só então aparece o bailarino. Ele não. Basta. E enquanto se move com desenvoltura, muda de aspecto; torna-se um burguês e entra pela porta da cozinha”. Mas, eu “não quero essas máscaras ocas, prefiro o boneco de corpo cheio”, a vida é breve demais para apresentações sem intensidade, sem emoção, sem brilho, sem enredo! Pelo menos até o momento em que as luzes são apagadas e nos despedimos do público... “Mas isto: conter a morte, toda a morte, ainda antes da vida, tão docemente contê-la e não ser perverso, isto é inefável”.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Terceira elegia

A terceira elegia aborda o amor, nas suas mais diversas manifestações: o amor platônico, o amor carnal, o amor correspondido, o amor romântico, o amor fraterno... Mas, sempre o amor! Emoção que, apesar de ser individual - no corpo de cada pessoa - une dois, ou mais, seres! Com ele, o mundo ganha um novo sentido, os dias são vividos de outra forma e as coisas adquirem novos significados! Amar é muito bom, mas tão importante é ser amado! O amor ideal é aquele em que há uma troca entre os amantes, tal como uma via de mão-dupla!
Há uma clara distinção entre a exaltação do ser amado e as razões para que essa emoção exista, é válido lembrar que ela, algumas vezes, passa longe do racional e, outras “tantas vezes o assaltava em plena solidão, antes que a mulher amada o abrandasse, como se nem mesmo ela existisse”. A noite, tempo de silêncios e delírios oníricos, demora de passar e tudo observado lembra o objeto de seu desejo (“ouve como a noite se escava e se esvazia”), e o pensamento voa para longe (“quem assim distendeu o arco espectante de suas sobrancelhas”)...
O amor não é fácil de ser descoberto, e após uma demorada brincadeira infantil de esconde-esconde ele, tal como uma criança birrenta, “abrandado, habitua-se à intimidade do teu coração e toma e se inicia”. Não há momento para ser iniciado, e muito menos, um instante exato para ir embora! Muitos de nós, já nascemos num meio impregnado por ele e aprendemos a usá-lo, a demonstrá-lo, a senti-lo e a retribuí-lo! E, aos poucos, tudo se torna mais fácil, ou pelo menos, menos estranho: “tantas coisas assim dissimulaste: a escuridão suspeita do quarto, tornaste inofensiva; de teu coração, refúgio pleno, um espaço mais humano retiraste, para uni-lo ao espaço de suas noites. Não nas trevas, mas em tua presença mais próxima pousaste a luz noturna, como luz de amizade. Nenhum ruído que não explicasses, sorrindo, como se há muito soubesses quando o pavimento assim se comportava. E ele ouvia, apaziguado, tal era o poder da tua suave permanência. Atrás do armário se ocultava, num manto enorme, seu destino e as desordenadas linhas do futuro inquieto, às dobras da cortina se amoldavam”.
O ser amado, e amante, é confortador, seguro e acalenta. O amor estimula a entrega, uma vez que, a confiança é sua companheira fiel (“como ele se entregava! Amava.”)! O amor é eterno (pelo menos enquanto dure, já alertou outro poeta) e intenso, posto que “não amamos como as flores, depois de uma estação; circula em nossos braços, quando amamos, a seiva imemorial”.
Não devemos amar com reservas, ressalvas e medos, devemos simplesmente amar! Sem tempos, medos, causas, razões, justificativas... O que seria da vida sem o amor? O que seríamos de nós sem amar e sem sermos amados? Tudo se tornaria tão vago como as noites sem estrelas, é necessário “a paz dos jardins e o contrapeso das noites... Retém-no...”

Segunda elegia

Após escrever a primeira elegia, senti-me instigada para ler a segunda e tentar interpretá-la; na realidade, o texto em sim me empolga menos do que a satisfação de torná-lo conhecido, traduzido e mais próximo da nossa realidade (da minha, pelo menos, uma vez que é através de meus olhares que ele é destrinchado e escrito aqui). Desafios me inquietam, e, definitivamente, Rilke é um dos grandes!
Mais um ritual se inicia: a primeira leitura do texto, uma olhada nos comentários e, por fim, uma observação mais amiúde e profunda das palavras (e metáforas) do autor.
“Todo Anjo é terrível”. É com essa afirmação que a segunda elegia é iniciada, e, mais uma vez, o autor aborda sobre a fragilidade e a ausência de quem recorrer nos momentos mais difíceis da existência humana.
Os anjos, seres eternos, vivem distante dos homens, em um lugar próprio, e são capazes de destruir o coração dos mortais, que por sua vez, vivem intensamente cada momento de suas vidas, certos de que não terão toda a eternidade para gozá-la (“O sentir em nós, ai, é o dissipar-se – exalemos nosso ser; e de uma a outra ardência nos desvanecemos. Algumas vezes nos dizem: 'circulas no meu sangue, êste quarto, a primavera, estão cheios de ti'”).
Tudo o que pertence ao homem é fugaz: a beleza, as sensações, o alimento, as emoções, os amores, a própria vida... Tudo acaba com o passar do tempo, nada levamos quando nos despedimos da carne, nem mesmo as lembranças mais íntimas... Porém as coisas permanecem, mesmo sem a nossa presença, elas perduram (“Olhai, as árvores são; as casas que habitamos, resistem. Somente nós passamos, permuta aérea, em face de tudo”)... Os anjos, entretanto, não notam que também apresentam traços humanos (“Eles porém nada percebem, no turbilhão da volta a si mesmos”)...
Os amantes bastam a si mesmos, um existe na presença do outro. E, em relação a isso, qual é o segredo desses corpos? Posto que o auto-reconhecimento é difícil, e, nos raros momentos em que ele se faz presente, acusa uma “certa consciência de mim mesmo”. Mas, os amantes... “bem-aventurado é o vosso contato, pois as carícias sutilmente protegem, retêm a duração pura; e o amplexo, não vos promete quase a eternidade?” Serão esses vossos segredos? O esquecimento de seus próprios corpos individuais, e egoístas, para a lembrança, e completude, nos braços do ser amado, quando, enfim, a existência adquire sentido.
Por fim, tanto no amor quanto no adeus os homens se aproximam dos seres divinos, “pois nosso coração nos ultrapassa ainda como outrora e é impossível saciá-lo em figuras apaziguantes, ou em corpos divinos que, imensos, o moderam”.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Primeira elegia

Antes de começar a ler as Elegias de Duíno, de Rainer Maria Rilke, confesso que não estava acreditando que um livro pudesse ser tão complicado quanto a imagem que me foi passada, na realidade ainda vivia em mim uma certa esperança, que deu seu último suspiro já no primeiro verso.
“Quem, se eu gritasse, entre as legiões dos Anjos me ouviria?” É dessa forma desesperada que se inicia a primeira elegia, e, acredite, a intensidade só faz aumentar com o passar das linhas... Resolvi, sem nenhuma resistência, ler os comentários expostos na segunda parte do livro (nunca li nenhum livro que tivesse explicação em anexo! Sempre achei que a interpretação fosse subjetiva, mas nesse caso, tive que rever meus conceitos, uma vez que a “interpretação subjetiva” poderia passar, num piscar de olhos, para “interpretação inexistente”!). O adendo sobre essa elegia aborda a relação, ora próxima, ora distante, do autor com Deus (ah, isso começa a clarear muita coisa!).
Bem, a provocação foi feita e aceita, vamos à interpretação!
Rilke inicia, como já foi dito, com um apelo desesperado e desacreditado da presença de Deus e da bondade dos anjos (criaturas divinas que vivem próximas de nós, nos auxiliando quando necessário): “todo Anjo é terrível.” E, se os anjos que deveriam nos amparar e socorrer querem nos prejudicar, em que mais acreditar (“E eu me contenho, pois, e reprimo o apêlo do meu soluço obscuro”)?
As palavras de ordem são a solidão e as incertezas. Os únicos amparos são o familiar e o vivido, isto porque nos são demasiadamente conhecidos, e não traz consigo nenhuma novidade (nem boa, nem má) : “Ai, quem nos poderia valer? Nem Anjos, nem homens e o intuitivo animal logo adverte que para nós não há amparo neste mundo definido. Resta-nos, quem sabe, a árvore de alguma colina, que podemos rever cada dia; resta-nos a rua de ontem e o apêgo cotidiano de algum hábito que se afeiçoou a nós e permaneceu”. E a noite é ainda mais cruel...
As coisas só são percebidas (e, por conseguinte, existem) a partir dos olhos de um observador, e assim, elas podem ser belas ou trágicas, importantes ou fugazes... Para serem reais são necessários um olhar atento e questionador, e uma interpretação (eficaz ou não). Em contrapartida, para não existirem apenas a distração é necessária, ou seja o “não-ver”... E nele, moram os pensamento vagos que não levam a lugar algum...
O amor aprisiona e esgota as forças, enquanto que a luta liberta e faz renascer, mesmo após a queda. Talvez, porque a luta depende de um só, enquanto o amor envolve mais de um (“Não é tempo daqueles que amam libertar-se do objeto amado e superá-lo, frementes? Assim a flecha ultrapassa a corda, para ser no vôo mais do que ela mesma. Pois em alguma parte se detém”), e temos que lembrar que no momento de dor não temos mais a quem recorrer, posto que já não há Anjos bondosos, nem homens...
Não há mais para quem gritar, os santos de outrora não são mais chamados e somente o silêncio ecoa, mas é preciso escutar os rumores dos jovens mortos, mesmo que seja através do silêncio, mas quantos ouvem o silêncio? A ausência do som que deveria libertar, aprisiona cada vez mais... Enquanto os mortos se sentem mais perdidos do que os vivos, porque a eles já não restam nem a familiaridade das coisas e, muito menos, as lembranças e as sensações do vivido...
Os que morrem mais cedo sofrem menos, por não terem tido tempo de aprender coisas que mais tarde sentirão falta... já para aqueles que persistem na terra, restam-nos a herança de Linus (“No espaço que ele abandonava, jovem, quase deus, pela primeira vez o vácuo estremeceu em vibrações – que hoje nos trazem êxtase, consolo e amparo”): a música - atemporal, amorfa e tremendamente familiar e confortante.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Pôres-do-sol II (2010)

Na praia
Na caatinga II
Na caatinga III
Na caatinga IV
No céu

Pôres-do-sol (2010)

Na praia

Na caatinga
Na cidade

No rio

Eu apenas queria que você soubesse (Gonzaguinha)

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

E que a atitude de recomeçar é todo dia toda hora
É se respeitar na sua força e fé
E se olhar bem fundo até o dedão do pé

Eu apenas queira que você soubesse
Que essa criança brinca nesta roda
E não teme o corte de novas feridas
Pois tem a saúde que aprendeu com a vida

Eu apenas queria que você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada
Não ficou no tempo presa na poeira

Eu apenas queria que você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
Que colheu seu fruto flor do seu carinho

Eu apenas queria dizer a todo mundo que me gosta
Que hoje eu me gosto muito mais
Porque me entendo muito mais também

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A brevidade da vida

Algumas situações, por mais que saibamos que um dia irão acontecer, são muito difíceis de serem superadas. Tentamos encontrar razões tolas (e muitas vezes fantasiosas) para explicá-las, tentando minimizar o sofrimento e a dor; buscamos acreditar em clichês ("um dia isso vai passar", "foi melhor assim"), e pensamos... ah, como pensamos! A cabeça parece que ganha vida própria e não pára nem um segundo, por vezes, não somente relembra o passado, mas também o recria, de forma mais colorida e, por isso mesmo, mais dolorida...
Até pouco tempo, confesso, não sabia o que significava uma perda definitiva. Ainda hoje trago feridas que ainda não cicatrizaram por completo (elas sangram em determinadas situações: um gesto, uma música, um cheiro, um livro...), mas o tempo, aos poucos, se encarrega de transformar a dor da perda em saudade.
Numa interpretação muito particular, descobri que são necessárias atitudes menos egoístas: por amar demais as pessoas é preferível vê-las partir do que ficar sofrendo, mesmo quando elas foram responsáveis (ou pelo menos em grande parte responsáveis) pelo o que nos tornamos, ou ainda, quando foram exemplos próximos de tudo o que desejamos ser.
Nessas andanças, também aprendi que para sempre ficam os ensinamentos, as risadas, as lágrimas, as palavras, os abraços, as broncas, os gritos, os afagos, o incentivo, a proteção, a preocupação, a euforia, o exemplo e a torcida. E, fica também a saudade...

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

É só interpretação???

"Oração (São Francisco de Assis)

Oh Senhor, faze de mim um instrumento da tua paz:
Onde há ódio, faze que eu leve o Amor;
Onde há ofensa, que eu leve o Perdão;
Onde há discórdia, que eu leve União;
Onde há dúvida, que eu leve a Fé;
Onde há erro, que eu leve a Verdade;
Onde há desespero, que eu leve a Esperança;
Onde há tristeza, que eu leve a Alegria;
Onde há trevas, que eu leve a Luz.

Oh Mestre, faze que eu procure menos
Ser consolado do que consolar;
Ser compreendido do que compreender;
Ser amado do que amar.

Porquanto
É dando que se recebe;
É perdoando que se é perdoado;
É morrendo que se ressuscita para a Vida Eterna"
(Manuel Bandeira)


ou


Oração de São Francisco

Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
Consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E, é morrendo que se vive para a vida eterna.
(Oração de São Francisco de Assis, tal como decoramos desde pequenos)

Procurar mais ou buscar menos??? É melhor ser agente ou ser paciente??? Mais perguntas sem respostas!!!

Paz e Bem!!!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Um menino e um velho

Essa semana eu fiquei feliz em saber que um coração ainda insiste em pulsar aqui dentro, que, apesar de todas as leituras sobre a teorias sociais, tive a prova de que ainda sou capaz de olhar para o lado e reconhecer o ser humano, com suas mazelas e sonhos. A ciência e a busca de explicação racional para todas as coisas tendem a endurecer seus adeptos, e, quando menos esperamos já naturalizamos certas situações que antes nos fazia gritar e espernear (infelizmente, conheço gente assim, que acabou se transformando no "homem de lata", de O mágico de Oz).
Aos poucos, nos acostumamos a não enxergar as crianças nas sinaleiras, as pessoas idosas atrás da gente nas filas, as grávidas em pé dentro dos ônibus, os deficientes que precisam de ajuda, e por aí vai... Semana passada, vi uma cena que me chocou e me entristeceu muito: eu estava dentro de um ônibus parado no semáforo, quando uma criança de, aproximadamente, seis anos, surgiu de outra esquina e começou a fazer malabares para os carros parados. Antes de começar a performance ela se abaixou e deu um beijo na frente do primeiro carro; a motorista não percebeu esse ato e sequer olhou para para o lado quando o menino pedia "um trocado", os demais carros também não deram atenção, até que o sinal ficou verde e a vida seguiu... Será, mesmo???
Outra situação que me perturbou, bastante, aconteceu hoje pela manhã: eu estava mais uma vez dentro de um ônibus (um espaço sui generis para reflexão,rs) quando, mais uma vez, o sinal de outra avenida ficou vermelho, um homem aparentando mais de sessenta anos, que poucos segundos antes se encontrava sentado no meio fio bebendo água ao lado de uma manga rosa madura, passou pelos carros parados pedindo dinheiro, dessa vez o transporte que eu estava seguiu e não pude ver o que se sucedeu...
Não sou a favor de medidas assistencialistas, acredito que ao invés de "dar o peixe" é necessário "ensinar a pescar". Aqui, porém, não questiono o fato de dar ou não dar dinheiro (eu também não sou adepta a esmolas, nem para ajudar a quem pede, muito menos para conseguir lugar no céu, como certa vez tentaram me dizer), o que mais me chamou atenção nessas duas situações narradas foram as formas que aconteceram e os atores envolvidos: um ser a ser formado e um outro que já deu sua contribuição para a sociedade.
O que será que significa para essa criança o ato de beijar a frente do carro? Como será que eles se sentem ao ser ignorados várias vezes durante o dia por diversas pessoas diferentes? Será que o menino é punido por não conseguir atingir uma determinada quantia de dinheiro? Será que ele continua tendo os sonhos e desejos comuns as crianças? Qual será seu futuro? Como foi o passado do idoso que depende de estranhos e da sua própria sorte? Como vencer as dores e dissabores comuns a idade? Como eles enxergam a vida? O que pode ser feito?
Perguntas que não serão encontradas em livros e, sequer, serão formuladas por corações endurecidos... não tenho respostas! Mas, não quero nunca perder o olhar sensível e a mente inquieta para para fazê-las, mesmo que pensar nisso seja difícil, doloroso e revoltante por demonstrar a minha limitação...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aprendendo a viver e a não ter medos

"Sim, estou chorando. Choro por você. Choro por isto. Choro pela beleza, por um pôr-do-sol e uma gaivota. Choro quando um homem tortura seu irmão... quando se arrepende e pede perdão... quando o perdão é recusado... e quando é concedido. A gente ri. A gente chora. Dois traços exclusivamente humanos. E o principal na vida, meu caro Harold, é não ter medo de ser humano."
(Ensina-me a viver. Colin Higgins)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Quem ensina e quem aprende?


Ensinar é uma das atitudes mais altruístas que uma pessoa pode fazer por outra! Se o conhecimento é algo que ninguém vai nos roubar e que vamos levar para o caixão (mais um ditado popular!), ensinar a alguém o que sabemos é muito gratificante, e faz com que a corrente não se quebre!
É indescritível a sensação de ver um estudante descobrindo novos horizontes! Estimular a curiosidade, a busca, o interesse pelo desconhecido, o brilho no olhar, a formulação de novas questões, a inquietação, a dúvida...
Há quatro anos, na primeira vez que assumi uma sala de aula sozinha, (nossa! O tempo voa!) eu me lembro que fiquei apavorada com a idéia, mil perguntas passaram por minha cabeça, o medo da rejeição, de não dar conta, de não ser bem aceita... Meu diário de campo que o diga! Mas, aos poucos fui me acostumando e, hoje, eu sofro quando não estou ensinando!
Lógico que sei de todas as dificuldades que o professor enfrenta no nosso país: a má remuneração, o excesso de trabalho, a falta de reconhecimento, a apatia (dos alunos, dos colegas, dos pais, dos diretores, dos governantes, da família, de nós mesmo, etc), o desrespeito, a violência em algumas escolas...
De fato, não é uma opção fácil! Os dias não são iguais! Os planos, às vezes (ok, quase sempre), têm que ser mudados no meio do caminho, falta luz, o aparelho quebra, há uma discussão entre os estudantes, uma prova de outra matéria, a briga com o namorado, com o pai, com melhor amigo... mil problemas, sobretudo quando lidamos com adolescentes (que eu adoro trabalhar, apesar de ser uma fase "meio difícil", confesso que sinto dificuldades de ensinar a crianças por causa das palavras que têm que ser usadas, os sonhos nessa fase são tão frágeis...)!
Sou guiada pela paixão! Isso faz parte da minha personalidade. Tenho que gostar do que faço, e por gostar, me entrego de cabeça! Dessa forma, muitas vezes meu "papel" foi muito além, extrapolei a função de "somente" passar o conteúdo programático e fui amiga, conselheira, a irmã mais velha (me recuso a falar que fui mãe, pelo menos por enquanto, não! Daqui a quinze anos quem sabe?), a salvadora, a mediadora, mas em algumas situações também fui a inimiga, a chata, a perfeccionista, a "pedra no sapato" de muitos deles... Espero que um dia eles entendam que só tentei dar o meu melhor...
Cada pessoa tem um jeito de ensinar, eu optei por fazer em sala de aula, exatamente o que eu gostaria que fizessem comigo! Parece piegas, mas é a mais pura verdade! Cada um busca o melhor para si (mesmo que isso não seja, necessariamente, a melhor opção! Acontece...), então porque não dar algo parecido com o que gostaria de receber? Parece utópico, sobretudo com todos os problemas já mencionados acima! É uma quimera, sim! Mas, por enquanto ainda tenho paixão! E com paixão é mais fácil continuar trilhando, mesmo sob um sol forte ou uma chuva fria...
É, realmente, muito chato ter que fazer planejamento, corrigir provas, enfrentar conversas paralelas, "cara de paisagem"... Mas, é muito bom ver seu aluno crescendo um pouquinho a cada dia, desenvolvendo o senso crítico, não aceitando o que lhe impõem, mas questionando cada vez mais e mais (os pais devem me adorar por isso! rs), passando em vestibulares, dando passos cada vez maiores... É indescritível!
Muito obrigada a meus professores pelo o que me ensinaram, e que hoje eu repasso! Não me refiro, somente, aos assuntos das disciplinas, mas aos exemplos, às ações, aos conselhos e, sobretudo, a paciência e a crença depositados em mim!
E, muito obrigada a meus alunos pela aprendizagem diária! Durante nossas aulas, eu fui muito mais aprendiz do que mestra, podem acreditar!
Por fim, quem se atreve a responder a pergunta do título? Quem realmente ensina e quem aprende? Fui, e sou, mestra e aprendiz nessa relação, e, sinceramente, acredito que assim que deve ser! E, por enquanto não estou disposta a mudar de idéia, e quando eu começar a repensar nessa relação, largo tudo e vou prestar outro vestibular! Desta vez para geologia.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Comer e festejar

A alimentação e a diversão são duas atividades básicas para a manutenção da saúde psíquica e física de toda pessoa. Ambas são revestidas de aspectos simbólicos que podem, tanto estreitar quanto afrouxar, a convivência em sociedade. Se pensarmos, por exemplo, em algumas situações cotidianas podemos perceber a complexidade que envolve estes dois pólos, assim como analisar a forma que, em algumas situações, eles se confundem a ponto de ser tornarem um só.

Se eu sugerir que façamos uma festa, logo surgirão os “itens” que são “indispensáveis” a uma comemoração, pelo menos em nossa sociedade, entre eles estarão presentes: os convidados, a música, a bebida e a comida! Da mesma forma, quando assistimos, uma nova receita na televisão ou quando descobrimos um restaurante muito bom, qual a primeira coisa que nos vem à cabeça? Possivelmente, a imagem de uma(s) pessoa(s) que gostamos muito para compartilhar a comida conosco. Em suma, o momento da refeição pode virar uma festa, no sentido da alegria, da conversa, do sentimento que une os comensais ao redor da mesa, da mesma forma que uma festa pode virar uma tragédia se a comida servida não for boa ou não for suficiente para todos os convidados.

Existe uma forte relação entre atração e repulsa em relação ao que comemos. Apesar de sermos classificados como onívoros – aqueles capazes de ingerir qualquer tipo de alimento, seja ele de origem vegetal ou animal -, nós somos seletivos em relação ao que comemos. É uma falácia afirmar que comemos tudo! Comemos o que nos ensinaram a comer! E, este aprendizado começou desde que nascemos quando as pessoas que nos rodeavam disseram, ou estimularam, o que comer e o que não comer. Somos enfeitiçados por cores, formas, texturas, odores e, por fim, sabores. Dificilmente alguém chegará a este último estágio de deglutição se não foi encantado pelos anteriores. Diante uma primeira experiência, de quase nada irá adiantar ter um sabor maravilhoso se o cheiro durante o preparo indicar o contrário - que o diga o cheiro das vísceras cozinhando durante o preparo do sarapatel, arg! Este prato, em especial, ainda tem o agravante de ter uma aparência um “pouco exótica”, mas depois de cozido, com um pouco de pimenta e farinha, não há quem não esqueça do preparo! Algumas pessoas, como eu, por exemplo, tentam contornar este preparo “fatídico” com a desculpa de: “ só como feito por tal pessoa, em tal lugar”, como se os ingredientes e o cheiros não continuassem os mesmos...

Vamos pensar um pouco na nossa vida! Proponho um recorte a partir do momento em que já pensamos ter um pouco de autonomia e agência de nossa própria vida: fim da adolescência (período em que as meninas já passaram pela Festa de 15 anos e os meninos a tal “maioridade”, que de fato pouca coisa muda)! Quando acabamos o ensino médio o que a maioria dos colégios (independente de ser público ou particular) propõe? Sim, uma festa de formatura, ou uma festa de encerramento. Entramos na faculdade, inicia um período em que os estudantes freqüentam mais as festas do que a própria sala de aula, isso sem considerar os casos em que a aula é sucedida– ou antecedida - por uma festa (que saudade desse tempo!!!)! Formamos-nos, então o que acontece? Festa. Encontramos nossa “outra metade”, que, lógico, acreditamos ser para sempre, queremos gritar para o mundo o quanto estamos felizes, o que fazemos? Sim, uma festa! Se estivermos errados, temos que buscar a “outra metade” em algum lugar, e é muito pouco provável que seja com o carinha da padaria (até porque ele tem uma visão peculiar da gente: de manhã cedo – ou depois de um dia cansativo -, despenteadas, com olheiras...), da farmácia (que o visual não difere muito do da padaria) ou do mercadinho perto de casa (que sempre vamos correndo no meio de uma emergência); o melhor lugar é numa festa! Neste caso, é necessário englobar shows, bares e jantares na casa de amigos. Mas, se estivermos certos, fazemos uma festa para nossos amigos e familiares avisando que a busca acabou e que a união seja eterna enquanto dure! Ordem natural: chá de casa nova, festa para apresentar a casa, chá de bebê, batizado, dia das mães, dia dos pais, natal, primeiro aniversário, segundo aniversário, terceiro, quarto, 15 anos, primeira comunhão... Isso sem contar outras datas importantíssimas que são comemoradas como, por exemplo, o primeiro passo, o primeiro dente, o primeiro dia na escola, a menarca... E o ciclo se renova...

A comida e a festa convergem em muitos outros pontos, uma vez que, da mesma forma que ninguém convida um inimigo para uma festa, também não o chama para dividir a mesa. Assim como a festa pode fazer com que os sentidos sejam aguçados, uma refeição também tem o mesmo poder! De forma semelhante, a festa não tem que ter, necessariamente, uma origem estanque, ela pertence ao povo e ele pode “reinventá-la” (seja em seu caráter religioso, étnico ou identitário), assim como a receita não é fixa, cada cozinheiro pode acrescentar ou retirar ingredientes, desde que mantenha a base (essência da receita).

Desafio a atirar a primeira pedra quem, assim como na alimentação, também não foi influenciado a participar, ou a evitar, certas festas por sua família e amigos mais próximos, além é claro do gosto musical, mas isso é uma outra história!

E por fim, ambos são deleites para o nosso corpo tão cansado de guerra e são ótimos, além de ser necessário, que andem juntos!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Por enquanto

Composição: Renato Russo

Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber, que o pra sempre, sempre acaba

Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém, só penso em você
E aí, então, estamos bem

Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
Nem desistir, nem tentar, agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa

domingo, 1 de agosto de 2010

As boas surpresas da vida!


Uma grande verdade é que "para tudo tem uma primeira vez na vida"! Ás vezes imaginamos que nunca seríamos capazes de fazer algo e quando surge a necessidade, observamos que somos capazes, sim! E algumas vezes nos saímos muito bem nessas experiências...
Nasci numa família enorme (daquelas que não cabem numa única foto!Sem exagero: só tios verdadeiros eu tenho vinte e dois! Fora os que eu fui adotando ao longo da vida!), estou acostumada com barulho, muita gente falando, carinho, preocupação (isso explica meu lado materno aflorado!rs), cuidado, perguntas indiscretas... Enfim, coisas de família!
E, de repente, estou num lugar completamente estranho (mas nem por isso ruim, muito pelo contrário!), numa situação que eu queria ter alguém torcendo, presencialmente, por mim (pois eu tenho certeza que a torcida "de longe" é enorme e verdadeira).
Mas, por mais esquisito que seja, eu não estou me sentindo só! Estou me sentindo bem! Tudo bem, que em grande parte, isso se deve as novas tecnologias (ADORO)... ninguém é perfeito!
Está sendo uma nova experiência, uma boa experiência, com uma feliz descoberta: eu sou uma boa companhia! Mas, ainda prefiro estar acompanhada das pessoas que gosto! Afinal, não é justo aproveitá-la sozinha, né? Tenho que ser solidária!rs

terça-feira, 20 de julho de 2010

Um olhar mais atento!


No post anterior falei no quanto estava feliz. Mas, o que, finalmente, é felicidade? Bem, fisicamente, é uma sensação de bem-estar, pode ser percebida quando os lábios não conseguem ficar fechados e as sobrancelhas insistem em não arquear. Esse estado também pode ser notado através da relação com outras pessoas, quando palavras amáveis, atitudes de compreensão e respeito são dispensadas sem nenhum esforço.
Mas como será que a conquistamos? Bem, isso é um pouquinho mais difícil de tentar encontrar uma explicação, mas vamos lá! O segredo (se é que existe um) é não tentar encontrar um grande motivo para ser feliz, temos que ser felizes várias vezes, e pelos motivos mais simples possíveis: um pôr-do-sol (eu fiquei bem feliz ao conseguir tirar essa foto!rs Brincadeira, sou apaixonada pelos pôres-do-sol e tenho coleção de fotos)), um amanhecer do dia (momento de renovação, de esperança), um pedaço de chocolate (sem comentários...), uma visita de uma pessoa que a gente gosta, uma palavra de carinho (que pode ser dita, escrita, digitada...), um sorriso (que algumas vezes dizem mais do que milhões de palavras)!
Paradoxalmente, podemos ser felizes e fazer outra pessoa feliz sem gastar nada (mesmo numa sociedade capitalista)! Algumas vezes, outras pessoas nos fazem felizes e nem sabem disso! Também podemos fazê-las felizes sem ter a menor idéia de que conseguimos esse feito!
A felicidade é uma conquista diária e pode se esconder nas "coisas" mais simples e imperceptíveis, temos que estar bem atentos para não perdermos a oportunidade de pegá-la e segurá-la bem forte, até que ela nos escorra pelas mãos!

Reconhecimento

Hoje estou feliz! Estou muito satisfeita comigo mesma! Isso é uma sensação tão boa... Consegui superar uma barreira que julguei tão alta, quase intransponível! Talvez eu somente tenha conseguido esse feito pelo apoio que recebi, quando imaginava recuar sempre tive uma mão (às vezes duas mãos) me puxando, me fazendo seguir adiante e me mostrando outro caminho. Já que reconhecimento está tão em falta atualmente, valho-me de um muito, muito, muito obrigada!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Eu existo!!!

Existem pessoas que nem parecem que existem!!! Como tudo na vida, isso pode ser bom ou ser ruim, depende da forma como interpretamos.
Algumas, simplesmente, passam pela vida a passeio, sem fazer qualquer diferença na vida das pessoas com quem convivem, não me refiro a nenhum feito excepcional, apenas uma palavra de afeto, um sorriso, um abraço, uma atitude de carinho e atenção, parar, só um pouquinho que seja, de olhar para dentro de si e enxergar o lado de fora, ver o que não é o "eu"!!!
Outras, no entanto, extrapolam as barreiras que separam o eu do outro e conseguem (ou pelo menos tentam) fazer a diferença, elas são tão altruístas que nem parecem reais! Estas enxergam o mundo com outras cores, a palavra impossível não parece fazer parte de seu vocabulário sem antes tentar inúmeras vezes, desistir é substituído por mudar de planos e os problemas são precedidos de soluções, e não de reclamações.
Todos nós encontramos pessoas assim pelo caminho, e, por mais difícil que seja confessar, também somos assim. Mas depois dessa verdade dolorosa, vem outra mais animadora: podemos mudar! A vida é feita de transformações, pena que nem sempre a mudança é positiva, ela pode, às vezes, ser negativa (isso é uma outra estória para um outro texto, quem sabe).
O fato é que temos que existir, para não nos conformarmos e nem aceitarmos as coisas sem antes lutar, pelo menos em relação as injustiças e outras situações que nos desagradam, que nos machucam e que nos sufocam.
Já descobri que sou uma eterna aprendiz e, uma das lições mais importantes que estou estudando: é necessário existir, e espero estar fazendo o dever de casa direitinho, mesmo que às vezes seja meio difícil...

domingo, 4 de julho de 2010

O vôo (Menotti del Picchia)


Goza a euforia do vôo do anjo perdido em ti.
Não indagues se nossas estradas, tempo e vento,
desabam no abismo.
Que sabes tu do fim?
Se temes que teu mistério seja uma noite, enche-o
de estrelas.
Conserva a ilusão de que teu vôo te leva sempre
para o mais alto.
No deslumbramento da ascensão
se pressentires que amanhã estarás mudo
esgota, como um pássaro, as canções que tens
na garganta.
Canta. Canta para conservar a ilusão de festa e
de vitória.
Talvez as canções adormeçam as feras
que esperam devorar o pássaro.
Desde que nasceste não és mais que um vôo no tempo.
Rumo do céu?
Que importa a rota.
Voa e canta enquanto resistirem as asas.

domingo, 27 de junho de 2010

Nada de mau acontece por aqui!

Eu tenho o (péssimo) hábito de explanar o que eu sinto, seja de forma consciente ou inconsciente, isto é, quando eu penso antes de falar ou quando, simplesmente, meu corpo fala por mim. Juro que tentei resistir sobre escrever a respeito da Copa do Mundo, mas este assunto me inquietou de tal forma que foi impossível controlar... Talvez seja o sentimento de mudança que ainda não tenha adormecido dentro de mim, mesmo com as porradas cotidianas...
Sou completamente encantada por este momento, visto minha blusa verde-e-amarela, assisto aos jogos (mesmo não sabendo nenhuma regra), grito, comemoro mas, o que mais chama minha atenção é comunhão entre as pessoas, pelo menos no período efêmero dos noventa minutos (quando tem prorrogação é um deleite!). Durante esse tempo, todas as diferenças sociais, culturais ou econômicas são minimizadas para uma única semelhança: a de sermos BRASILEIROS! Em poucas situações essa (falsa) homogeneidade é notada e, quando ela acontece torna-se um “prato-cheio” para os cientistas sociais, mas eu prometo não trilhar este caminho!
O que acontece é o seguinte: desde a semana passada, assisti aos noticiários com especial atenção e me incomodei com a quantidade de notícias sobre a Copa, até aí nada de excepcional, afinal, este mega-evento só acontece a cada quatro anos, porém, o excesso futebolístico acabou por menosprezar (ou esconder) uma série de fatos que aconteceram no nosso país, como por exemplo, a destruição de vidas e planos causados pela chuva em algumas cidades aqui do nordeste.
Um evento que não acontecerá mais daqui a quatro anos (pelo menos torço por isso), mas que também acabou com o sonho de milhares de brasileiros, não o desejo do Hexa, mas sim o anseio de terem suas casas, suas vidas, suas rotinas, suas famílias, seus amigos e entes queridos de volta! Uma perda real sufocada pela mídia que ao minimizar esta tragédia deixou de exercer seu papel (positivo) de ajuda e denúncia.
Mas no fim dá tudo certo, afinal estamos nas oitavas-de-final, estamos em ano de eleições, temos a memória fraca e somos brasileiros: “não desistimos nunca”!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Livres Para Voar

Um dia desses, li no perfil de Natalie uma citação de Khalil Gibran que falava assim: "Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas quando parte, nunca vai só nem nos deixa a sós. Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada".
Essa citação venho bem a calhar, uma vez que, ultimamente, ando mais reflexiva do que o normal... Outro dia estava pensando dentro do ônibus (lugar perfeito para pensar na vida, quando mais longo e demorado o trajeto, melhor !) sobre as pessoas que passaram por minha vida, e que, naquela época, eu considerava como irmãs, e não conseguia imaginar minha vida sem elas e hoje, depois de tanto tempo, nem sei mais por onde andam e o que estão fazendo...
O que será que aconteceu? Falta de interesse? Falta de tempo? Ou simplesmente a vida tomou outro rumo? Não tenho respostas exatas para estas perguntas, aliás acredito que ninguém tem... Não deixei de gostar de meus amigos de outrora, nem esqueci dos momentos (bons e maus) que passamos juntos, os ensinamentos foram indeléveis e eles (também) são responsáveis pelo o que sou hoje. Acredito que acontece a mesma coisa em sentido contrário, para o bem e para o mal...
Novos amigos vieram e com eles novas experiências! Outros ciclos outros foram abertos, percorridos e fechados, e de nenhum deles saí igual a quando entrei. Trocas foram feitas, relações se mantiveram, algumas se afrouxaram ou se estreitaram e outras se perderam, mas, em todas, a doação e o aprendizado estiveram presentes.
Aprendi a acreditar, com um grande amigo (que hoje não está mais tão presente, pelo menos não fisicamente), que todo mundo sempre tem alguma coisa boa para nos dizer, nem que seja tchau... É isso, não aprendemos e nem nos doamos somente a pessoas que valem a pena, muitas vezes nos iludimos e investimos em algo que não é benéfico (mas mesmo assim continua sendo um aprendizador)... Comenter um erro é normal, o que é nocivo é percebê-lo e não ter coragem de consertá-lo. O rompimento também faz parte da vida, por mais dolorido, e doloroso, que seja e, às vezes, pode ser considerado um ato de amor, nem que seja amor a si mesmo!
Posso me considerar feliz, tive, e tenho, bons amigos mesmo que alguns não estejam mais tão presentes fisicamente! Aprendi e ensinei! Recebi e me doei, dei colo e lágrimas, recebi sorrisos e afagos... Passei por algumas vidas, outras tantas passaram pela minha e, cada uma foi única, cada uma na sua especificidade, de acordo com momento ou com a influência das outras pessoas que passaram por suas vidas; mas cada um é, e foi, único e insubstituível!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Para uma borboletinha!!!

O que é o amor? Esta pergunta há muito tempo perpassa pela cabeça das pessoas e muitas são as respostas... Existem vários tipos de amor, afirmam os estudiosos. Mas, o que sabemos ao certo é que esta emoção não precisa de uma explicação racional para ser entendida.
Um gesto, uma palavra, uma atitude, um sorriso, um rosto...
Mas como justificar algo tão forte, quando estes "marcadores" ainda não existem? Quando o rosto não passa de um borrão em preto e branco, os gestos não passam de empurrões e palavras e sorrisos só são "realidades" em "sonhos"? O mundo ganha uma outra cor, as prioridades mudam, a lógica torna-se ilógica...
Isso é ainda mais estranho, quando toda essa mudança não acontece no seu corpo, mas sim, no de uma outra pessoa que você gosta bastante (uma irmã, por exemplo). Aliás, não é estranho nada! O que é bom tem que ser dividido e transbordar feito água em um copo cheio (mas, infelizmente, temos, na maioria das vezes, vergonha de nossa própria felicidade e exaltamos, em contrapartida, as nossas tristezas)!
Uma pequena borboletinha que virá voar neste imenso céu, aprendendo e ensinando novas manobras e caminhos! Exalando novos cheiros, enxergando outras cores, trilhando caminhos desconhecidos, despertando sentimentos inéditos...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Um filme inédito!!!

Mesmo que seja inconscientemente, estamos a todo o tempo usando máscaras e representando. Não vivemos, somente, para (e por) nós mesmos, quase em todos os momentos pensamos nos outros, no que esperam de nós, de como nos enxergam, o que podemos (e devemos) dizer, como nos portar, que pensamentos ter, e etc, etc, etc...
De forma semelhante, somos julgados nem sempre pelo o que, realmente, somos, mas sim pela imagem que os outros formaram de nós. Tudo bem que na maioria das vezes esta imagem é completamente discrepante em relação a realidade, isto é, de como EU me vejo e como Eu sou...
Atire a primeira pedra aquela pessoa que nunca ouviu algo como, "antes, eu achava você assim... mas agora eu vejo que me enganei!" Ou então, "antes você era diferente..." Será realmente que fui eu quem mudei, ou a imagem que era tecida sobre mim que foi modificada inúmeros motivos???
Mas, o defeito sempre está fora de nós!!! O outro é que é sempre o problemático, o chato, o antipático, ou o belo, o inteligente, o popular, o engraçado... Sempre é o outro, e a imagem que temos dele, quem muda, nunca nós mesmos, e a enorme bagagem de preconceito que carregamos. Neste caso, me refiro a preconceito no sentido de julgamento precedente ao conhecimento, pela casca somente, ou, em alguns casos, pelo o que ouvimos falar sobre tal pessoa...
Por exemplo, eu não sou uma só, e também não sofro de nenhuma patologia psicológica, pelo menos acredito que não. Sou muitas: sou simpática, antipática, amiga, inimiga, chata, agradável, razão, emoção, alegre, melancólica, vanguarda, saudosista, energética, pacificadora, litorânea, campestre... Às vezes sou do dia, outras vezes da noite... Ouço MPB e axé... Penso e não falo, falo e não penso...
Represento sem perceber, sou ao mesmo tempo atriz e roteirista (principal, mas não única) de minha própria estória, que pode mudar a cada ato encenado, a depender dos outros atores envolvidos... e ao mesmo tempo sou atriz e roteirista (coadjuvante, bem verdade) da estória de outras tantas pessoas...
A vida nada mais é do que um grande filme, em que todos nós sabemos como começa e como termina, mas o enredo é sempre uma grande surpresa e não pertence a um único gênero, transitamos sempre pelo suspense, pelo romance, pela aventura, pelo drama, pela comédia...

quarta-feira, 24 de março de 2010

Este blog é apenas (mais) um meio de explanar reflexões, idéias e pontos de vista do que eu vejo, ouço e sinto cotidianamente. Com ele, eu não tenho nenhuma pretensão, planos ou vontade de convencer ninguém, não sou, e nem pretendo ser, a dona da verdade!

Pensar é um exercício bastante proveitoso, é um primeiro passo para aceitar ou rejeitar algo. Logo, tudo o que possa aparecer por aqui são somente divagações...